sexta-feira, 29 de março de 2019

Croissants Vegan


Eu queria aqueles croissants de massa folhada, tipo francês, mas sempre me pareceu muito complicado de fazer, e realmente prefiro receitas simples. Portanto, no original desta receita, do blogue Seitan is my motor, a autora avisava desde logo que esta não era para principiantes, que é sinónimo de: muito provavelmente não vai sair bem! Mas eu queria muito fazê-los para a Letícia, de forma que me lancei na aventura, e surpresa! Ficaram deliciosos! Não com a aparência aprimorada dos originais, mas ainda assim, com aspecto de croissants. O único senão desta receita, é ter de se fazer com tempo, o que requer algum planeamento. 

Croissants Vegan

Ingredientes:

Massa:
250 g de farinha de trigo
10 g de fermento fresco (5 g de fermento instantâneo)
20 g de açúcar
150 ml de água morna
3/4 colher de chá de sal
20 g de margarina, temperatura ambiente

 
O preenchimento:
125 g de margarina, temperatura ambiente


Como fazer:
Para fazer a massa, coloque a farinha numa tigela grande e faça um buraco no centro. Desintegre o fermento no buraco, adicione açúcar e água.

Deixe descansar por 10 minutos, ou até que o fermento comece a borbulhar e pareça espumoso.

Adicione sal e margarina, e sove a massa cerca de 3-4 minutos, no robot, ou 10 minutos, se amassar à mão. 

Cubra a tigela e coloque no frigorífico para levedar durante a noite. 

Coloque os 125 gr de margarina entre duas folhas de película aderente e estenda-a até obter cerca de 20 x 20 cm. Tente fazer um quadrado. 

Coloque a margarina no frigorífico e retire sua massa gelada. 
Numa superfície levemente enfarinhada, estenda a massa até que fique cerca de 30 x 40 cm. Retire a margarina do frigorífico e descasque a camada superior da película. Vire-a e coloque-a em cima da massa para que o lado que ainda tem película fique no topo Remova a restante película, e dobre a massa como um envelope. Cubra com película de plástico e leve ao frigorífico 20 minutos. 
 
Estenda a massa fazendo um rectângulo que deve medir cerca de 40 x 20 cm. Corte rectângulos que vão ficar mais curtos de um lado do que do outro, mas basta esticar com as mãos para conseguir um rectângulo mais direito, e enrole.  

Pré-aqueça o forno a 200°C e asse os croissants cerca de 20 minutos, ou até dourar.
 
Aconselho a ver a receita no original, pois tem fotos e desenhos do processo que são muito ilustrativas e de grande ajuda. 
 
Quentinhos com compota, ou guardados para os dias seguintes, são maravilhosos! 


quarta-feira, 27 de março de 2019

Sete Documentários que vale a pena ver



Lamentavelmente alguns destes documentários estavam gravados desde há muito, pelo que ignoro se será possível recuperá-los nos canais exibidos, porém, alguns canais repetem-nos ocasionalmente, e há também a via Netflix, para quem tem. Nem sempre tenho a possibilidade de ver quando são emitidos, porque ao contrário do que se diz, há imensos programas interessantes a passar na televisão, de forma que vou gravando e vendo.

1. Círculo de Civilizações (RTP2)
Nesta série de 4 episódios, cada um dedicado a diferentes culturas, ficamos a conhecer civilizações antigas, na China, no Japão, na índia e  Cambodja. Permanecem ruínas de gigantescas proporções e estéticas deslumbrantes que atraem turistas, e arqueólogos de diferentes nacionalidades, empenhados em descobrir as características dos seus povos. E portanto, o mistério permanece. Fascinante!

2. A Teoria dos Espiões Vermelhos (RTP2)
Supostamente, a China dispõe do maior rede de espiões do mundo, e está apostada em reunir o conhecimento desenvolvido noutros países, durante décadas, recorrendo a esse atalho. É preciso entender que a palavra "aprender" em mandarim significa também "imitar", o que explica alguma coisa. 

3. A Maior Festa do Mundo (RTP2)
O último Shah do Irão, organizou uma mega festa em Persépolis, para comemorar 2500 do império persa. Nessa festa extravagante, para a qual foram convidados todos os chefes de Estado do Mundo, foi gasto em dois dias o orçamento de Estado da Suíça para 2 anos, enquanto a maior parte da população vivia num nível de pobreza absoluto. Isto deu inicio a uma série de revoluções islâmicas, que terminou com o reinado do Shah e deu início à era de Ruhollah Khomeini. 

4. Cesina Bermudes, uma vida só não basta (RTP2)
Esta senhora, nascida numa família abastada em 1908, formou-se em Medicina Obstétrica e foi a primeira em Portugal, a trazer a noção do parto sem dor. Para além de ter sido uma médica extraordinária, foi também uma cidadã investida na oposição ao Estado Novo, posição que lhe valeu a prisão. Uma figura que vale a pena conhecer e reconhecer.

5. Anne Morgan, uma americana na Grande Guerra (RTP2)
Durante a primeira guerra muitas americanas foram para França, como voluntárias. Anne Morgan, uma rica herdeira americana, foi quem as recrutou, e reunindo fundos nos E.U.,  organiza na Picardia um movimento filantrópico que presta cuidados e fornece bens de primeira necessidade a uma população destroçada. O trabalho e empenho destas mulheres foi de capital importância, no apoio aos civis. 
Para o inicio do Séc. XX, Anne Morgan, revela-se uma mulher independente e empreendedora, assumindo as rédeas de uma vida nada convencional. 

6. Medicinas do Mundo (RTP2)
Já vai no Episódio 20, esta série que se dedica a observar o tipo de medicinas praticado pelos quatros cantos do mundo. Nem hesitamos ao aliar medicina com farmácias e hospitais, tudo numa proximidade imediata, contudo, em muitas partes do mundo, a medicina é tradicional e natural, praticada por anciãos, habilidosos, médicos formados há muito sem actualizações, em todo o tipo de condições, ou seja, frequentemente sem aquelas condições a que estamos habituados. E muito isolados. Dá-nos outra perspectiva, para que não pensemos que a nossa é a única e a melhor. É uma série de grande humanidade. 

7. Eco-Lógica (RTP2)
Actualmente na terceira temporada, dedica cada episódio a um tema ( pioneiros/camuflados/económicos/das árvores/ etc.), oferecendo um vasto leque de construções ecológicas, auto-sustentáveis e respeitosas do ambiente que se inserem. A arquitectura nunca me interessou, aliás sempre a considerei fastidiosa, e porém esta abordagem tornou-a fascinante aos meus olhos. Que miríade de possibilidades existe actualmente, para os arquitectos que pretendem fazer construções amigas do ambiente! É da facto uma profissão muito criativa e útil, seguindo neste caminho.


segunda-feira, 25 de março de 2019

Sacos de compras


Felizmente, as pessoas estão cada vez mais informadas acerca dos malefícios dos plásticos, e sobretudo, do uso excessivo. Nas redes sociais abundam fotografias de autênticas ilhas de plásticos, e outras espalhadas por locais da natureza, como à beira rio. Já sabem que demora séculos a decompor-se (quase 500!), e que por ser tão mau para o Ambiente no comércio já não se dão, quando muito, vendem-se. E por isso, a maioria das pessoas já tem o seu saco para compras de supermercado. 
Falta agora restringir o uso dos sacos de plástico sem asas, que usamos para pôr a fruta e legumes. Já há muitos anos que os reutilizo; quando chego a casa, despejo as compras e dobro os sacos que guardo dentro do saco maior, para as compras seguintes. Mas queria muito uma alternativa a isto, e portanto, no Festival Vegetariano de Natal, no Porto, acabei por encontrar uma pessoa que faz estes sacos, que são desperdícios da fábricas de confecção, da parte do forro de casacos desportivos. São elásticos mas muito resistentes, e acabam por ser maiores do que parece, embora tenha vários tamanhos. São muito leves, logo, em termos de peso será o equivalente ao saco de plástico. São também óptimos para guardar determinados vegetais no frigorífico, como os cogumelos, cuja durabilidade aumenta. Estou a usá-los desde então, e mantêm-se impecáveis. 
Aconselho vivamente!
 

quarta-feira, 20 de março de 2019

Pintura abstracta nos céus?

 
Via

Há uns anos atrás comecei a notar os crescentes rastos no céu, dos aviões. Na altura pensei que fosse natural, apenas vapor, e que se os rastos se multiplicavam, era devido ao número crescente de voos, consequência das companhias aéreas low-cost que começaram a fazer esta rota. Porém, observando os aviões, intrigava-me que uns deixassem rasto, e outros não. E também, a forma como os rastos se dissolviam no céu me parecia estranha, vão-se desfazendo sem desaparecerem, alargando-se numa tela que cobre o céu azul, diluindo-o. E entretanto, comecei a ler sobre geo-engenharia, e a compreender o que realmente se passa. 
De início, apenas alguns sites escreviam sobre o assunto, parecia aquela coisa das teorias da conspiração, coisa de maluquinhos, que é o argumento que se usa quando se pretende ridicularizar alguma coisa, sem sequer esgrimir argumentos sérios. E portanto, os jornais também começaram a falar da geo-engenharia, e a própria Nasa* reconheceu que estão a utilizar a geo-engenharia para manipular o clima. A motivação é boa, supostamente regular o clima, mas na verdade, é uma estratégia que comporta riscos e consequências que ninguém conhece e muitos começam já a denunciar, como causas de mais males do que benefícios. Uma dessas pessoas é Dane Wigington**, que associa esta prática a doenças e desastres da natureza, e se tornou uma espécie de porta-voz do movimento anti geo-engenaharia. 


Se fizer sentido que nos radiem dos céus com químicos, e que estes são inócuos para seres humanos e todo o planeta, e aqueles que o habitam, não se preocupem com isto. Mas entretanto, olhem o céu mais vezes, admirem-no e reparem naqueles linhas brancas sobrepostas. Se este cenário for tranquilizador, ainda assim, indague-se o porquê de tudo isto estar a ser feito silenciosamente.


*Nasa 
** Dane Wigington
Revista Visão 

segunda-feira, 18 de março de 2019

Quebradiços

Hoje quero escrever sobre a fugacidade e vulnerabilidade da vida. Dizer que esta vida são dois dias, que para morrer basta estar vivo são clichés gastos e no entanto tão populares, por serem essencialmente genuínos, que rematam qualquer conversa desta temática. E eu começo, portanto, pelo fim.

Se tivéssemos consciência da fragilidade da vida, muita coisa mudaria; não deixaríamos que coisas insignificantes nos transtornassem tanto, não nos zangaríamos por miudezas e faríamos o que temos de fazer com mais ética, mais correcção. Daríamos prioridade às coisas realmente importantes; aproveitaríamos mais os momentos bons, e usufriríamos muito mais dos que amamos. 
Não digo que devêssemos sentir a Espada de Dâmocles sobre a nossa cabeça o tempo todo, isso roubaria a paz necessária para desfrutar fosse do que fosse. Falo em consciência, aquele saber intrínseco que nos faz estar na vida, lembrando sem esforço. E por vezes, a vida encarrega-se de nos acordar, em forma de lembrete, dado que só em consciência não vamos lá.

A Catarina Fonseca escreveu, na última crónica, que já percebeu que o maior perigo da vida é passar por ela, meio-adormecida; mas é assim que vivemos a vida. Adormecidos para aquilo que de facto importa, embalados pelos afazeres e obrigações, focados no momento seguinte.
Quando o meu primogénito nasceu, tive um momento de profunda lucidez, enquanto o observava a dormir tranquilamente no berço; perante aquele sentimento de profundo amor que ignorava existir, pensei: desfruta de cada momento Fernanda, porque não sabes quanto tempo tens com ele. Não foi algo que me tolheu, mas antes pelo contrário, deu-me a claridade necessária para pautar o meu comportamento enquanto mãe. Isso moldou-me imenso, até enquanto pessoa. E talvez por isso, perante situações em que outros arrancam cabelos, eu me mantenho relativamente tranquila. De que vale investir energia no que não se pode mudar?

Uma pessoa pode sair de manhã, e já não voltar mais. Já não se senta a jantar com a família; nunca mais pergunta como correu o dia aos filhos. Já não desdobra o pijama naquela noite, nem apanha a roupa seca demais como um bacalhau. Já não chega tarde para o almoço de domingo, quando o molho do assado já sumiu. Mas o dia está bonito, de Primavera, nem sequer chove. Os vizinhos aspiram a casa e estendem roupa no varal. As horas passam, a dor que causa primeiro a estupefacção, começa a envenenar o corpo, até doer fisicamente. Porque no fim de contas, nós somos frágeis, e estamos ligados em cadeia, por afectos que nos fortalecem mas são efémeros, e por isso também nos quebram. Temos que ir buscar à vida tudo aquilo que importa e nos fortifica, que no fim de contas, se resume ao amor. O tempo investido nos afectos permanece, leva-o quem parte, resguarda-o amorosamente quem fica.    

quarta-feira, 13 de março de 2019

Dica de leitura - A História de uma serva

 
Via Wook

Há já alguns anos que fui lendo por aqui e por ali referências à "História de uma serva" de Margaret Atwood, mas sendo habitualmente céptica relativamente a livros de moda, nunca me interessou propriamente. Foi, portanto, um livro que sugeri ao Duarte no último Verão, por saber do gosto do meu filho pelas sociedades distópicas futuristas. Entretanto, fiquei com curiosidade e acabei por lê-lo. 

Passa-se no futuro, na América, agora chamada Gileade, e a protagonista vai relatando os acontecimentos na primeira pessoa, com recursos constantes a flash-backs. Chama-se agora Defred, tinha sido casada e mãe de uma criança pequena, tinha feito estudos superiores e tinha emprego, quando uma reviravolta política se deu no país, de forma súbita e insidiosa. A oposição praticamente não existiu e as pessoas viram-se, do dia para a noite, constrangidas a uma série de leis e regras que subjugaram a individualidade e liberdade de cada um, de forma brutal. Defred é agora uma serva, ao serviço de um misterioso comandante e sua mulher. A sua vida está estritamente regida por horários e programas, a palavra é-lhe subtraída, como de resto a todas as mulheres. É um objecto da República com uma só utilidade: procriar. 

Gostei bastante do livro, é uma leitura fluída que agarra o leitor jogando com o passado, que vai explicando como chegou uma sociedade livre ao ponto da subjugação total, sem oposição. É interessante na medida em que vemos como reflecte a nossa própria sociedade; as coisas vão mudando paulatinamente, as pessoas vão aceitando, ainda que resmunguem nas redes sociais, mas as mudanças continuam. Por exemplo, a corrupção em Portugal; sentiamo-nos muito mais indignados há alguns anos atrás, e os políticos demitiam-se, mas os casos de corrupção começaram a ser revelados a um ritmo cada vez maior, actualmente quase diário, sem que vejamos um contra-poder a este crime, de forma que hoje já ninguém espera condenações nem Justiça. Fazemos piadas com as situações, e aceitamos. Portanto, da parte dos infractores, também já não faz sentido que se envergonhem e se demitam. 
Outro aspecto que confirma aquilo que já há algum tempo penso, é a forte vontade de viver do ser humano, seja em que circunstâncias for. O desejo de preservação da espécie deve certamente explicar uma coisa destas, pois que racionalmente não faz sentido algum. Qual o interesse de viver num mundo privado de tudo aquilo que é mais elementar e básico, para o nosso bem-estar? Quando nos tiram aqueles que amamos? E portanto, o homem persiste e é ainda capaz das maiores canalhices para permanecer vivo. É por conseguinte, um livro que proporciona um paralelismo e reflexão muito pertinentes, sobretudo, relativamente ao momento em que vivemos.

Parece que brevemente teremos possibilidade de ver a série, mas começar pela leitura é sempre o ideal. 

Título: A história de uma serva
Autora: Margaret Atwood
Editora: Bertrand
Pág. 348


segunda-feira, 11 de março de 2019

Criar filhos com asas ou com raizes?

Com a malfada crise de 2008, e o primeiro-ministro a proferir aquela infeliz frase aos desempregados: "emigrem!", sedimentou-se no colectivo parental a velha máxima "os filhos não são nossos". Desde logo, jovens formados partiram aos milhares, e as imagens das despedidas no aeroporto, de jovens que nunca tinham viajado para o estrangeiro sequer, deixando pais chorosos e preocupados, tornaram-se diárias. Era um destino que se desenhava para todos, como se não houvesse alternativa. 
Comecei a ouvir pais de filhos pequenos a dizerem desde logo, que era isto que os esperava. E à medida que chegavam notícias de como essa fornada de jovens preparados eram recebidos no exterior, de como não apenas tinham trabalho nas suas áreas mas como eram respeitados e bem pagos, a possibilidade passou a inevitabilidade.

Constitui-se uma segunda vaga, a dos empregados que não resistiram às benesses que lá fora lhes ofereciam. Médicos, engenheiros, trocaram os vencimentos nacionais pelo triplo ou quadruplo, e claro que compreendendo como o dinheiro é bom, se pode entendê-los, nunca me convenceu totalmente a paga por coisas que abdicavam como deixar a família, os amigos, o país que é seguro e estável, a cultura que apesar de tudo reconhece a igualdade de géneros, enfim, um regime democrático por alguns que não o são de todo. Há coisas que nenhum dinheiro paga. E portanto, em conversa com um casal conhecido, ambos quadros superiores, bem na vida, com várias propriedades, e pais de filho único, surpreendeu-me que me contassem orgulhosamente o plano do filho, para trabalhar no estrangeiro. Disseram-me: "Ele não quer ficar cá; quer ganhar muito dinheiro!". Imagino que deixei transparecer uma certa pena no meu rosto, por os saber sós, porque imediatamente se apressaram a justificar, "é assim a vida, os filhos não são nossos, nós criamo-los para o mundo!". Está bem, está, respondo-lhes eu; mas aqui não é mundo? Estaremos em Marte? Riram-se. O pior é que vão solteiros, casam por lá e nunca mais voltam; e os pais ficam sozinhos, o que a mim me causaria muita pena e saudade. Enfim, depende daquilo que priorizamos na vida, acrescentei eu condescendendo.  
Eles viraram para um lado da rua, certamente a pensar "coitada da Fernanda", eu virei para o outro, ainda em choque, até esta situação de todo se apagar. Até há dias.

Já tinha visto um vídeo da brasileira, médica e especialista em cuidados paliativos, Ana Cláudia Arantes*, que me impressionou imenso. Era uma espécie de apresentação da forma como ela vê a morte, que é algo superior e invulgar, portanto li com toda a atenção a entrevista que deu à revista Activa deste mês. E perante um certa questão ela respondeu: "... Muita gente cria os filhos para a liberdade, não para o amor presente. E isso não é mau, mas na hora de morrer tem os filhos longe". 
E isto, embora se foque no derradeiro momento da vida, explica muita coisa.


* A propósito do seu livro " A morte é um dia que vale a pena viver"

quinta-feira, 7 de março de 2019

Sensibilidade e mau senso


A polémica do juiz Neto de  Moura surgiu tarde demais para inspirar os corsos carnavalescos. Não se sabe como reagiria ele, mas pela prova dada relativa ao sentido de humor, suspeita-se que os tribunais respiraram de alívio. A leveza com que encara o sofrimento físico e psicológico das vítimas de violência doméstica, contradiz fortemente com o seu sentir, apenas por ter sido parodiado e criticado, melindrou-se, imaginem! Afinal são apenas palavras!

Um destes dias, passou-me pelos olhos  um artigo com doze acórdãos polémicos da autoria deste juiz, já tinha lido anteriormente alguns, mas esta colectânea está mais completa e absurda. E o espanto persiste, perante as alarvidades que este homem pronuncia. Há quantos anos andará ele a fazer acórdãos deste tipo, e quantos mais estarão por aí esquecidos? Talvez desde o dia em que lhe surgiu pela frente um caso de violência doméstica.  

Dizem-me que a Lei é suficientemente subjectiva para ser interpretada por diferentes juízes de formas diversas, mas creio que nalgum ponto haverão de convergir, se o crime for provado; ora com o juiz Neto de Moura, a questão não é a prova, mas antes a sua magnanimidade perante o infractor da lei. Nem Lei nem bom senso, apenas uma grande condescendência pessoal e crenças arcaicas de sistemas patriarcais obsoletos, se manifestavam nas suas considerações para constituição de penas. "Penas", literalmente. E por isso também, ontem foi assassinada mais uma mulher, perfazendo doze, este ano. A Lei é branda.

Passeia-se este cavernícola, imbuído de desígnios divinos, pelos átrios dos tribunais (e não sei se por cá fora também, a ter em conta este caso em que se deslocava na via pública sem matrícula),
proferindo as mais descabidas sentenças para com os agressores e reprimendas às vitimas, que ninguém compreende nem aceita, durante anos! O desenlace deu-se ontem, sendo afastado dos casos de violência doméstica, o que não sendo solução, é remendo.
Mas não nos esqueçamos que este não é o único, há por este pais fora alguns juízes com comportamentos profissionais, igualmente questionáveis. Portanto, isto não será o fim.

sexta-feira, 1 de março de 2019

Tofu com cogumelos e molho de mostarda


É tão bom pôr a mesa para a minha filha e vê-la comer! A alegria com que ela devora ( é mesmo assim, tenho que estar sempre a lembrar-lhe para mastigar bem e comer mais devagar!) é lindo de se ver! Como mudou o cenário, desde que ela se tornou vegetariana... agora não há caras feias, nem resmunguices e restos no prato. E enquanto come, vai dizendo: ai que bom, mãeee....! Está mesmo muito bom, está delicioso! Isto é música para os ouvidos de qualquer mãe. Claro que há pratos que a Letícia gosta mais do que outros, este é um daqueles que ela adora. E tão simples de confeccionar!

Tofu com molho de mostarda 

Ingredientes:
Uma embalagem de tofu (o nosso predilecto é da Biodharma)
Seis cogumelos (usei cantharellus)
Uma cebola pequena
Um dente de alho
Azeite q.b.
Sal e pimenta a gosto
Uma colher de café de colorau
Uma colher de sobremesa de sementes de mostarda
Meio pacote de natas vegetais

Como fazer:
Cortar o tofu em cubos, e deixá-lo a escorrer cerca de 30 minutos. 
Cortar a cebola em meias luas e saltear no azeite com o dente de alho picadinho, até ficar translúcida. Juntar os cogumelos fatiados grosseiramente e envolver, alguns minutos. Esmagar as sementes de mostarda no almofariz e misturar numa taça com as natas vegetais; reservar. 
Acrescentar o tofu ao tacho, envolver e deixar cozinhar alguns minutos. Temperar com sal, pimenta e colorau. Verter o molho para o tacho, e envolver. Rectificar temperos se necessário.

Acompanhamos com arroz branco, penca e batata doce salteadas na sertã em azeite e alho. Com o testo posto, foi como cozinhar ao vapor, mas mais saboroso e rápido. 
Uma delicia!