terça-feira, 22 de março de 2016

E quando as meninas também gostam de robótica?



"A falta de mulheres nas áreas de ciência e engenharias, onde são uma minoria, é uma das questões de igualdade de género na agenda de muitas organizações internacionais, incluindo a União Europeia." in DN

Acontece que esse facto se explica pela educação que, desde cedo, incentiva os meninos a investirem em determinadas áreas, e as meninas a investir noutras. Culturalmente, as crianças são estimuladas a desenvolver os seus gostos conforme o género; quem tenta fugir a essa formatação é rotulado com epítetos depreciativos, do tipo " Maria rapaz", ou chamadas à atenção, com: "não sejas menina!". Este quadro é um facto, que todos testemunhamos com mais ou menos intensidade. Portanto, "um relatório da OCDE, baseado nos resultados dos testes PISA, mostrou que as diferenças entre rapazes e raparigas na escola não são inatas e que o insucesso delas na área da matemática e das ciências se deve a falta de confiança e ansiedade." Aqui

Devemos, a começar por cada família, acabar com as expectativas que temos para os nossos filhos, segundo o género. E devemos motivá-los e apoiá-los para que se empenhem em experiências desafiadoras e interessantes. Só assim vão descobrindo caminhos que lhes interessam e onde se sentem felizes, e se vão descobrindo a eles mesmos. E então coisas interessantes, espantosas e inesperadas acontecem; interesses que julgávamos díspares afinal são conciliatórios. Como por exemplo, a filha que gosta de tocar piano, descobre que também gosta de robótica! 

A Roboparty2016 foi uma experiência reveladora para a Letícia. Construir um robot de raiz, soldando as peças que foram recebidas soltas, e conceber o programa Arduino, foi um desafio inédito. O trabalho de equipa, a inter-acção com outras pessoas, de idades e origens diferenciadas, foi outro desafio. 

Três dias, intensos, com jornadas de 14 horas, que a deixaram esgotada mas extremamente feliz. Uma felicidade que se fundiu com tristeza, apenas por estar a terminar. E que rapidamente foi sucedida pela esperança de voltar a participar no próximo ano.

Esperemos que entretanto, a estatística deste evento evolua para um número mais promissor, pois em cerca de 600 participantes haver apenas cerca de 60 meninas é de facto desolador. O próprio organizador fez questão de o salientar, incentivando mais meninas a aderir
O quadro anunciado pelos estudos confirma-se; temos que o reverter.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Pataniscas de Curgete - #Vegetariana





Essas pataniscas são óptimas! E muito fáceis e rápidas de confeccionar. 

 Pataniscas de Curgete*

Ingredientes:
2 chávenas de curgete ralada 
1/2 cebola pequena, finamente picada 
1/4 chávena de queijo parmesão ralado
1 ovo grande
1/2 chávena de farinha de trigo 
Sal e pimenta 
Azeite 
( pode adicionar alho ou ervas para algum sabor extra)

Como fazer:  


Secar bem, com papel de cozinha, a curgete ralada. Colocar todos os ingredientes pela ordem listada, num recipiente, e envolver com cuidado. Temperar com sal e pimenta.
Aquecer o azeite numa sertã e colocar a massa às colheradas, fritando em lume médio. Virar quando obtiver uma crosta castanha dourada. Secar em papel de fritos e servir.

Acompanhar com arroz seco e molho de alho.



* Receita de A Home made living

terça-feira, 15 de março de 2016

A mãe alemã

"É verdade o que se diz, que as crianças alemãs são mais independentes e responsabilizadas, sim. Desde a primeira classe que vão sozinhas para a escola. Quatro semanas antes da escola começar, há avisos na televisão e nos jornais como ensinar as crianças a andarem sozinhas na rua, mesmo nas cidades. Há uma rede de escolas públicas muito grande, por isso a grande maioria das crianças vive perto da sua escola, mas as que vivem longe vão de autocarro sozinhas. Nunca temos a sensação de que estão em perigo, porque existem os vizinhos. Portanto, elas movem-se sempre em comunidade. E, por exemplo, se os pais estão num restaurante, as crianças entretém-se a brincar lá fora e os pais não estão constantemente a olhar para o que estão a fazer ou se está a chover ou se têm o casaco vestido...
Na Alemanha o ensino é consistente. As coisas não estão sempre a mudar e não se tenta ensinar-lhes tudo desde bebés. As coisas são aprendidas se calhar mais devagar mas de maneira mais sólida. Fica tudo na cabeça. As aulas acabam ao meio dia e as crianças têm tempo para fazer os T.P.C's sozinhas. 
Quanto à ideia de que as mães alemãs são organizadas, também é verdade. Somos mesmo. Ensinamos as crianças a respeitar o espaço e o tempo dos outros, a cumprir regras. Têm de ser pontuais. Não toleramos atrasos porque é uma falta de respeito. Deixar o carro mal estacionado ou passar com um sinal vermelho, porque não há ninguém, são "exemplos" que não damos aos filhos. Também é muito importante que tenham as suas coisas arrumadas e organizadas. 
Uma coisa engraçada: gostamos muito de rituais. Na Páscoa, cozemos e pintamos ovos, fazemos bolos em forma de coelhos, construímos ninhos. O Natal é uma enorme festa, toda a família se junta para fazer bolachas. 
Mas em geral, a responsabilidade individual e o respeito para com os outros são as bases da educação alemã. "

Sabine Halbich, uma filha de 8 anos, in revista Activa, Maio, 2015

Este testemunho é demasiado perfeito para ser real? Pois... mas é de facto muito comum. Reconheci na descrição as várias famílias alemãs que conheço bem, e de quem sou amiga. 
Será uma questão de natureza, somos latinos e isso reflecte-se profundamente na forma como vivemos, e nosso modus operandi. A "paranóia" da segurança é uma dessas características. Não significa que na Alemanha não existam casos de crianças raptadas; ainda em Julho do ano passado, vimos por toda a parte, em Berlim, fotos de um menino de 7 anos que tinha desaparecido dias antes. 
Por outro lado, a relação entre pais e filhos alemães também se reflecte deste tipo de educação tão "eficiente"; são mais distantes e não demonstram tanto o afecto como os portugueses fazem. 
Não, a educação perfeita não é propriedade de nenhuma nação.  

terça-feira, 8 de março de 2016

Je suis #mulher

É necessária uma data no ano para invocar os direitos da mulher,  indicar estatísticas das violências e homicídios, e exaltar o seu papel na sociedade. 
É necessária uma data no ano, em que as mulheres falam e reivindicam, sem receio de serem taxadas de feministas. E em que os homens se juntam a esse discurso. 

Passa o dia e tudo permanece igual. Porque as mentalidades não se mudam com discursos pro forma; a comemoração do dia da mulher não passa de um faz-de-conta, uma acção de marketing, um discurso politicamente correcto. Para muitos. Para aqueles que podem efectivamente agir na sociedade, e serem alavancadores de mudanças. É que há mudanças que não interessam. 

Como se explicará que sendo as mulheres em maior número na Universidade, sejam em menor número em lugares de chefia das empresas? Que sejam menos remuneradas do que os homens, exercendo as mesmas funções? Que tenham mais dificuldade na progressão de carreira? Que sejam infinitamente menos representativas na política?

Certamente que tudo isso repercute na esfera privada; a mulher permanece cativa de um modelo estrutural ( é ela a cuidadora por excelência, quem falta ao trabalho quando tem os filhos doentes).  
A matriz cultural permanece basicamente a mesma de há séculos. Foram feitas conquistas, porém a discrepância entre géneros é ainda abismal.
O conceito de mulher como propriedade persiste ainda no inconsciente colectivo, e isso reflecte-se na forma como muitos, realmente muitos homens tratam aquelas que deveriam ser suas parceiras em plenitude.

Não interessa abdicar do feudo de privilégios, quando a entrada das mulheres implica a saída de homens. Por conseguinte, não será através do homem que a conquista da igualdade efectiva se fará. A cada mulher cabe essa batalha, e unidas nesse propósito seremos mais eficazes.

Enquanto mulheres-educadoras o nosso papel é fundamental; quem educa filhos e filhas tem a responsabilidade de quem educa o mundo. Educar com ênfase no respeito e igualdade, com crença nas capacidades de uns e outros, valorizando a meritocratia como forma de progressão na vida; com tolerância pelas diferenças per se, e consciência que diferenças são complementares e não exclusivas. Este é o trabalho de base, para a mudança. O trabalho de uma vida. 


É necessária uma data no ano para celebrar o dia da mulher, porque enquanto houver caminho a fazer, essa data tem a utilidade de expandir consciências. Assim, de simples.    


sexta-feira, 4 de março de 2016

Creme de água queimado



Para quem é intolerante aos produtos lácteos, ou simplesmente não bebe leite, que é o meu caso, mas gosta muito de Leite Creme, esta pode ser uma óptima alternativa.

A receita foi publicada no Cabaret do Goucha, onde li nos comentários que é originária de Baião, já sendo mencionada no livro "A cidade e as serras", de Eça de Queirós. Actualmente é servida na Pensão Borges, e aparentemente bem afamada. Porém, a versão da receita que usei foi do Receitas para a Felicidade*

É um creme muito agradável, com um sabor leve e fresco, e muito rentável.

"Creme de água queimado*
Ingredientes:
10 gemas
1 litro + 7 dl, de água
180 g. de farinha
300 g. de açúcar
1 pacotinho de açúcar baunilhado  (7.5 g)
1 pau de canela
1 anis estrelado
Casca de 1 limão
Casca de 1 laranja

Como fazer: 
Leve ao lume o litro de água com o pau de canela, o anis estrelado e as cascas de citrinos.
Assim que ferver, retire do lume e deixe que arrefeça, reservando.
Bata bem as gemas com o açúcar e a farinha. Junte depois os 7 dl de água restantes e mexa bem.
Junte também o litro de água (já coado), que retirou do lume e coado, à mistura de gemas, mexendo sempre.
Leve ao lume a engrossar, enquanto vai mexendo para que não pegue ao fundo ou ganhe grumos.

Deite o pudim numa taça ou divida-o por tacinhas e leve ao frigorífico, por pelo menos 1 hora. 
Na hora de servir, cubra o pudim com açúcar granulado ou mascavado e caramelize, utilizando um maçarico de cozinha ou ferro em brasa."

quarta-feira, 2 de março de 2016

Sete coisas que todas as crianças deveriam ouvir




Isto é tão importante que todos os pais, e futuros pais, deveriam imprimir, emoldurar e pendurar num local à vista. Para ser lido e relido, até ficar interiorizado e se tornar prática corrente.