quarta-feira, 28 de novembro de 2018

A Violência no parto continua?


Estou absolutamente escandalizada, e indignada, com esta reportagem do Notícias Magazine. A violência obstétrica é tema que tem ganho relevância nos últimos anos, e por isso mesmo acreditei que fosse problema em vias de resolução e desaparecimento, mas não. Os casos relatados são experiências altamente traumáticas, que denigrem os profissionais da saúde, e aumentam o receio das jovens que pretendem ser mães. 
É totalmente incompreensível que médicos e enfermeiros, que deveriam estar no Hospital, conduzindo e apoiando mulheres em situação de grande vulnerabilidade, se portem como verdadeiros torturadores, sem pingo de humanidade. 
É por estas e outras que as vocações deveriam ter primazia sobre as médias! Podem entrar em Medicina, podem fazer Enfermagem, mas se não forem pessoas bem formadas, serão sempre péssimos profissionais! 

Benditas mulheres que dão o nome e rosto ao fazerem esta denúncia. Estão a fazer um serviço auto-regenerador, e ainda assim lutam pelas mulheres que estão por vir. Que inspirem outras, que serão muitas, para que nenhum caso destes continue a passar impune.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Poder de argumentação


Se todos os filhos tivessem a retórica da Mafalda, sem dúvida que o desafio para os pais, alcançaria outro nível!

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Casados pela rua da amargura

 
Via

Desde a primeira vez que vi "Casamento à primeira vista", versão australiana e original, que este reality show me chamou muito a atenção. Por curiosidade vi muitos episódios, inclusive da versão inglesa, espanhola e agora da portuguesa. Como digo ao meu filho, quando se espanta por eu perder tempo com este tipo de programas, o meu interesse é psicológico, antropológico e social; as coisas que aprendemos sobre o comportamento humano e sobre o estado em que a sociedade se encontra,  é de um manancial quase ilimitado. 

Com a ideia de que agora as pessoas se conhecem pelas redes sociais, namoram, apaixonam-se e casam, não sendo necessário aquele teste do "olho no olho", nem aquela coisa da "química de pele", o programa propõe-se, sob a égide da "ciência" a encontrar os pares perfeitos. 
Apoiado no conhecimento de diversos profissionais, sexólogos, coachs de comunicação, psicólogos e neuro-não-sei-quê, com ajuda de eléctrodos e testes das mais refinadas questões, os casais com altas compatibilidades são formados e atirados para os braços um do outro, agarrando-se a eles como náufragos, ou... não! 
Por todos os finais de programas destas séries que vi, o sucesso destes casamentos é raríssimo, sendo a percentagem dos que permanecem casados uma vergonha para a "ciência", e um fracasso colossal para o programa. De facto, na vida real, o amor à primeira vista acontece, ainda que raramente, mas para que funcione tem que haver, efectivamente, essa troca física de olhares.

Parece-me que ignoram o evidente, que não é a compatibilidade que forma casais; se a compatibilidade fosse assim tão forte quase todas as mulheres estariam casadas com mulheres! E que ninguém consegue forçar-se a gostar do outro, por muito que lhe reconheça qualidades e gostos idênticos. Apreciar, sim, mas amar não, sentir-se atraído também não. Há algo na esfera do amor que vai para além do compreensível, e daquilo que a ciência pode compreender e explicar. Até a ciência tem limites. Daí que este falhanço, partindo de uma premissa equivocada, seja mais do que expectável e compreendido. Todavia, não há problema de maior porque no final do programa os casais se vão divorciando sem dramas. E para mim, esta questão é que é um autêntico drama, considerando que Portugal é líder dos divórcios na Europa, que venha um programa tratar do casamento desta forma ligeira e brejeira, vulgarizando-o, e retirando-lhe a já pouca  formalidade e importância que lhe resta. 
Mas é esta a televisão que se faz e temos, perdeu o papel educativo que promove valores para o desenvolvimento ético da sociedade, e faz exactamente o contrário. 
Sendo assim, não lamento nada, que cada vez mais, a televisão perca espectadores.

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Papas de arroz integral


Tanto eu como a Letícia adoramos papas de aveia, de Inverno quentinhas, no Verão, nos frascos que ficam no frigorífico da noite para a manhã ou tarde. A diversidade da fruta da época faz os toppings, para ela sempre os frutos vermelhos e banana. Porém, encontrei há algumas semanas esta receita das papinhas de arroz integral, que inicialmente me pareceu algo insípida, mas que com este parágrafo me tentou:
" O arroz integral, de longe o cereal mais consumido na alimentação macrobiótica, é considerado por muitos o grão do equilíbrio, da clareza (mental e espiritual), da paz e do enraizamento. De um ponto de vista físico, ajuda a manter os nossos intestinos limpos, ao mesmo tempo que os fortalece. Beneficia ainda os pulmões e, ao contrário da aveia que tendencialmente cria alguma mucosidade no organismo, o arroz integral tem o poder de limpar/revigorar os nossos pulmões, tornando-os fortes e invencíveis."

Porém, depois de testada, a receita original não nos convenceu totalmente, confirmou-se a insipidez, mas algo nos agradou, e por isso adaptei-a, fazendo como faço com as papas de aveia. Deste modo tornam-se ainda mais práticas e mais rápidas. De manhã é só colocar num tachinho com os ingredientes extra, aquecer e servir! Deliciosas, reconfortantes e saciantes.

Papas de arroz*

Ingredientes:
1 chávena de arroz integral
7 chávenas de água
uma pitada de sal

Como fazer:
Numa panela, junta a água e o arroz integral, previamente demolhado e lavado.
Quando levantar fervura, junta o sal e reduz a chama para o mínimo (e, de preferência, coloca a panela no bico mais pequeno do fogão). 
Deixa cozinhar por cerca de 2h, com a panela não completamente fechada. Se necessário, mexe o arroz para que não agarre ao fundo.
Guarda num recipiente de vidro no frigorífico (aguenta 4-5 dias). De manhã é só retirar a quantidade desejada, juntar um pouco de água** e levar ao lume num tachinho. 

Colocar numa taça com cacau, canela, geleia de agáve, nozes picadas, frutas, etc. 


* Blogue MoniqSweeTreats

**Substituí por bebida vegetal.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Dica de filme: Bohemian Rhapsody


Já não me lembrava de ir ao Cinema com os meus dois filhos; a entrada na adolescência revelou diferentes gostos, e os meus aproximam-se mais dos da Letícia, portanto, relativamente a este filme, foi o Duarte que, por assim dizer, me convidou, mesmo antes de eu saber que este filme ia sair. Há cerca de um ano que ele tem os Queen na sua playlist, e os ouve, entre outros dos anos 80, diariamente. Foi portanto um programa a três que muito nos agradou.

Os espectadores eram maioritariamente da minha geração e mais velhos, poucos jovens lá estavam e mais nenhuns com os pais. Fez-me reflectir com pesar que pais e filhos já não encontram chão comum.

Todas as críticas que li e ouvi, diziam bem do filme e nós também gostamos bastante. É uma história que poucas novidades trás ( mas que para mim foram importantes), é contada de forma simples e sem grandes recursos a artifícios técnicos elaborados, um pouco como se tivesse sido realizado na década de 80. E portanto, mantém um equilíbrio fidedigno, entre história pessoal e de grupo, privada e pública, sem cair na lamechice em que poderia facilmente desembocar. Rami Malek foi um Fred Mercury estupendo, encarnou de tal forma o cantor que por vezes me questionei se a fita tinha passado de ficção a documentário.
Momentos houve em que esquecemos que estávamos no cinema e cantamos também, como se fosse um concerto, e foi bom! 
 
Li hoje uma notícia sobre o filme estar a ser muito vaiado no Brasil; nas breves e ligeiras cenas de homossexualidade, a plateia assobia e grita por Bolsonaro. Não saberiam que o Fred Mercury era gay?! De qualquer forma, achei este sinal muito preocupante. 

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Meio termo

Nós não temos sempre que tomar partido perante todas as questões. Nós somos livres para escolher calar ou falar, até por uma questão de resguardo e não por cobardia, como muitos pensarão. Também é sinal de inteligência e respeito. Devemos aguardar o apuramento de factos, receber mais informação, para então tomar partido se assim o entendermos. Vem isto a propósito da acusação de violação feita a Cristiano Ronaldo; tenho lido e ouvido apenas uma opinião, estão contra a acusadora, acusam-na de oportunismo e de muitas outras coisas feias.

Na praça pública, já o Cristiano Ronaldo foi ilibado, e embora compreenda essa tendência nacional, como seria possível o nosso herói cometer este crime?!, preocupa-me que taxativamente desconsiderem a "suposta vítima"; que apenas, porque o CR7 é rico, jovem e bonito, podendo ter "todas" as mulheres que quer, seja automaticamente inocente.
Penso que, sobretudo ultimamente, vimos muitas notícias sobre homens poderosos que abusaram de mulheres, isso é facto. Para muitos homens ter mulheres que também os querem já não é suficiente, o próximo nível, muito mais excitante, é ter mulheres que não os querem. Portanto, aplicar esta defesa, é um argumento pouco credível. 

Não me parece impossível que CR7 fosse capaz de cometer esse crime, pois nem sequer o conheço para abonar sobre o carácter dele (embora no geral tenha boa impressão), e nem me parece impossível que a acusadora esteja a mentir, para tirar dividendos desta situação. Nesta equação tudo é possível. Pelo contrário, já não me parece nada possível, que 9 anos volvidos, se possa comprovar que foi o Cristiano Ronaldo a abusar dela. Se foi vítima, pecou pela demora. 

Temos mesmo que tomar partido? A minha simpatia, enquanto portuguesa, vai também, para Cristiano Ronaldo. Mas acredito que agora, a verdade será apenas do conhecimento dos dois e nós vamos ter de viver com isso.