quinta-feira, 29 de junho de 2023

Saudades da Infância

Saudades Roxas

No ano passado comprei as sementes, mas não deu resultado, é bem mais difícil cultivar a partir de sementes, é a conclusão a que tenho chegado, mas também tive a feliz ideia de trazer dois ou três pés da casa da minha mãe, que pegaram, embora não tenham florido.

Porém, este ano já nos brindaram com algumas flores, e à primeira que abriu, debrucei-me sobre ela, para aspirar o seu odor, como faço sempre. Instantaneamente, fui transportada no tempo, para a minha infância: dias de Verão, muito quentes, eu transpirada, colante, e de rosto afogueado, no meio das flores, a ouvir o zumbido das abelhas e borboletas, em número incrivelmente abundante. 

Nas vezes seguintes que ia ao jardim, pela manhã, repetia o gesto, e a memória olfactiva desencadeava, velozmente, o momento no passado. Agora estou a refrear-me um pouco, de forma a não "gastar" tudo de uma vez, quero continuar a sentir aquele impacto que me transporta no tempo. 

Bateu-me uma nostalgia, dos longos Verões quentíssimos, abafados, e que nem assim nos impediam de sair para brincar. Tudo era natural, sem etiquetas nem títulos de jornal terríficos. Apenas desfrutávamos do Verão, e da vida. E éramos felizes. 

terça-feira, 27 de junho de 2023

A Família Não Abandona!

Via

Do nada, ontem, comecei a ouvir no jardim uma algazarra enorme de passarinhos que me obrigou a olhar pela porta de vidro, para perceber o que se passava; a Becas, uma das gatas, estava aninhada de costas para mim, absolutamente estática, e por cima dela voavam três ou quatro pardais em chilreio estridente. Ainda sem perceber o que se passava, abri a porta e apressei-me para junto dela, notei que os pássaros se afastaram menos de um metro, continuando em grande alvoroço, e vi que entre as patas e a boca, mantinha preso um passarinho. 

Forcei a Becas a largá-lo e ele voou baixinho assustado, certamente em choque, para um arbusto que lhe surgiu como primeiro refúgio, mas logo surgiu correndo a Ellie, a outra gata, o que obrigou a pequena ave a voltar para debaixo do caramanhão, enquanto o chilreio de alarme continuava; peguei nas duas gatas ao colo, com voz de comando, e levei-as para a lavandaria onde as fechei. 

Eu só pensava "Oxalá ela não tenha ficado ferida, e consiga voar!", pois, por mais de uma vez consegui libertar as aves das gatas, mas já estavam demasiado feridas, e não sobreviveram. Voltei ao jardim com cuidado e ouvi barulho nos arbustos, mas nunca mais vi o pardalito, apenas a mãe, que em cima da corda da roupa parecia chamar o filho. Decidi deixá-los sossegar e voltei para dentro, rezando para que o pequenino conseguisse voar com a mãe e irmãos. 

O resgate, por assim dizer, aconteceu em poucos segundos, eu não vi sequer a cena nitidamente, apenas a gata aninhada e estática, os passarinhos a voar em volta dela, num chilreio estridente, e a não fugirem sequer com a minha presença. A família não abandonou um dos seus, os irmãos, ainda a aprenderem a voar, mantiveram o predador paralisado, na tentativa de salvar o irmão. Isto é família no sentido mais básico e instintivo. Uma capacidade que a maioria dos pais humanos parece ter descurado, esquecido ou na pior das hipóteses, perdido.  

sexta-feira, 23 de junho de 2023

Receita de Molho de Abóbora-Menina

Talvez este molho de abóbora seja mais adequado às estações frias, porque é quando temos abóbora, e falta o tomate, ao contrário de agora, em que os tomates começam a abundar, porém, esta foi a segunda vez que fiz o molho, e gostamos tanto, achamos tão nutritivo e saboroso que resolvi partilhar à mesma. Ainda tenho abóboras, pelo que vou continuar a fazer este prato, apesar do calor. 

Molho de abóbora-Menina
Ingredientes:
Meia abóbora-menina
Meia cabeça de alho
Sal, pimenta e azeite a gosto
Um ramo de alecrim
Meio pacote de natas vegetais

Como fazer:
Assar a abóbora no forno, na qual se faz cortes de ponta a ponta, com a faca, verter sobre ela azeite, colocar-lhe o ramo de alecrim, e o alho com pele;  levar a assar até ficar macia ( é aconselhável tapar com uma folha de alumínio para não queimar, a meio da cozedura).
 
Deixar arrefecer um pouco e retirar o interior da abóbora com ajuda de uma colher, para o processador, onde se lhe junta também os alhos espremidos ( já sem pele), temperar-se com sal e pimenta a gosto, bate-se tudo, e por fim as natas, batendo só um pouco para misturar. 
Está pronta para servir com massa! 

Aqui juntei ao prato grão-de-bico cozido, salteado em azeite e molho de soja, e deixei caramelizar. Para refrescar um pepino salpicado de sal marinho. Combinou tudo lindamente. 

 

quarta-feira, 21 de junho de 2023

Dica de Leitura - Darling



India Knight, nascida Gisele Aertsens, em 1965, é uma jornalista e autora britânica, cujos livros estão traduzidos em 28 línguas. Infelizmente, não é o caso deste livro, o que é uma enorme pena, porque é excelente. 

O cenário localiza-se entre Norfolk e Londres. Este romance é narrado por uma das personagens,Fran, que vive numa cottage com a tia Emily, perto dos tios, Sadie, Mathew e 4 primos, Robin, Jassy, Louisa, e Linda, e onde Fran também passa longas temporadas. Inicialmente é narrada a história da família, mas desde cedo se percebe que a personagem principal é a carismática Linda. A sua vida é contada detalhadamente, seja pela informação recolhida através da própria, através dos familiares e amigos, mas também pela observação da própria Fran, que mostra conhecer a prima intimamente. 

Mathew foi cantor numa banda de rock de sucesso, que lhe trouxe dinheiro e fama, porém, querendo com Sadie, proporcionar aos filhos um ambiente saudável e mais terra-a-terra, mudara a família para uma quinta no Norfolk rural, sem vizinhos, sem televisão e muito menos internet. As crianças eram ensinadas em casa, pela mãe, o que deu resultados pouco convencionais, mas do agrado dos progenitores. O pai podia ser maniento, excêntrico, irascível com determinadas questões, mas para mim, enquanto leitora, é hilariante, e sem dúvida a minha personagem preferida. Sadie, mais diplomática, é a cola que agrega a família, a voz do bom-senso nas horas de crise. 

Porém, por muito que se queira preservar os filhos do mundo, se os filhos não vão para o mundo, o mundo vem aos filhos! Acontece, quando o mais recente vizinho, um jovem estilista de renome, é convidado para a festa de aniversário de Louisa onde conhece Linda, a beldade da família. Apesar de interditadas as visitas ao excêntrico vizinho Linda e Fran saem à socapa com frequência, deslumbradas com o mundo que ele lhes revela, acabando Linda por fugir com Merlin para Londres, onde se torna modelo de sucesso. Inicialmente, os pais ficam em choque, preocupados, mas decidem respeitar e dar espaço. Mais tarde, Fran também sai, para estudar na Universidade, e a amizade entre as primas continua forte e verdadeira.

Linda entra num corropio de desfiles, viagens, festas, romances, exactamente aquele mundo que o pai frequentara e do qual pretendia poupá-la. Apaixona-se, casa-se, uma e duas vezes, tem uma filha, por quem não sente instinto maternal, e da qual abdica com uma facilidade chocante, até para os seus. Muda de profissão, de casa, viaja, conhece outro amor, por quem fica perdida, esquecendo o tempo e responsabilidades, provocando assim um certo mistério no seio familiar, que se interroga continuamente "onde está Linda?", mais por curiosidade do que preocupação, e depois... o desenlace. Não vou mentir, verti umas lágrimas. É assim de bom.  

Basicamente, trata da procura pelo amor verdadeiro. Num registo moderno com grande sentido de humor. Adorei, daqueles livros que se quer ler, e em simultâneo poupar páginas. 

Título: Darling

Autora: India Knight

Editora: Penguin Random House

Nr de Pags: 277

segunda-feira, 19 de junho de 2023

Verão no Jardim

 

Inaugurar o mês dos Santos Populares: manjerico e pratos de barro
 

Há muito que deixei de ver as notícias, mas de uma forma ou outra, sobretudo porque há pessoas que fazem questão de as repetir, inevitavelmente muitas das "notícias" chegam até mim; é o caso da seca extrema, e da promessa de um Verão muito quente, devido às alterações climáticas. 

Não me alarmei porque, obviamente, já percebi que os profetas da desgraça são um autentico logro e em questões de adivinhação mais vale não sofrer antecipadamente, o futuro a Deus pertence. Por outro lado, via o caudal do Rio bastante normal, nada de preocupante. E a chuva que caía de quando em vez, e até logo após aqueles dias quentes de Maio. Poucas vezes reguei o jardim, ao contrário do ano passado, e ele está verdíssimo, como se vê na foto. 

Ainda não ousamos montar a mesa no jardim, temos usado a mais pequena, por ser facilmente desmontável, e praticamente, dia-sim, dia-não, tem que ser recolhida porque surge uma chuvada. 

Entretanto, ainda não inauguramos a época das jantaradas de verão no jardim, para a família alargada e amigos, temos sido apenas nós, mas espero que entretanto o Verão venha como habitualmente, para nos proporcionar tudo de bom, como sempre. A vida é para ser vivida sem medos. Muito menos medos hipotéticos. 

quinta-feira, 15 de junho de 2023

Qual é o seu problema? Plante uma árvore!

 Todas as vezes que se anunciam subidas de temperatura (que nem sempre acontecem ou nem sequer tão acentuadas) parece que a maioria das pessoas entra em pânico. Entretanto, no seu dia-a-dia o que fazem para minimizar a sensação de calor? Em que acções estão implicadas? A maioria, pelo que vejo, nada, e até pelo contrário, para além da anuência às alterações climáticas actuem em oposição. Vou dar um exemplo, na Vila onde moro, que felizmente é a freguesia com mais árvores do concelho, as pessoas queixam-se constantemente das árvores, que estão muito altas e entopem as caleiras dos telhados, que entram pelas janelas e varandas, não lhes permitindo ver o que se passa na rua, que sujam se folhas as ruas, seus terraços e jardins, que a poda das freguesias vizinhas é que é exemplar, quando na realidade é uma total mutilação das árvores (até dói só de olhar!), em contraste com a nossa poda moderada, feita aliás por um arboritultor, formado por uma universidade inglesa. 

Em suma, o valor das árvores é reconhecido mas apenas em teoria. Na vida prática e real só parecem ver-lhes defeitos. A mim isto irrita-me sobremaneira, e indigna-me que a ignorância se pretenda sobrepor ao conhecimento. 

Há dias vi este meme que adorei: 

Se o calor o incomoda, plante uma árvore

Se a chuva o incomoda, plante uma árvore

Se gosta de fruta, plante uma árvore

Se gosta de pássaros, plante uma árvore. 

Fica assim comprovado que as árvores são a solução para todos os tipos de pessoas, e que todos as deveríamos plantar, e que nessa impossibilidade, pelo menos, todos as deveríamos defender. 

Nesta época na nossa Vila, respira-se em todo o lado o perfume suave e adocicado das tílias, é uma Vila naturalmente perfumada. Não tenho palavras suficientemente adequadas para transmitir o quão maravilhoso é, e a felicidade que me proporciona. Só vivenciando. Tenho plena consciência, que sobretudo nestes dias, e durante algumas semanas, vivo um verdadeiro privilégio, graças às árvores. 

sexta-feira, 9 de junho de 2023

Mousse de Chocolate Vegan

Rendeu 3 taças pequenas, como esta. 


Já fiz algumas tentavas com receitas diferentes, na procura de uma receita de mousse de chocolate, porque a Letícia adora chocolate e é uma daquelas receitas que ela gostava, mas francamente, sem grande sucesso. Estou a lembrar-me daquela de abacate, que foi repetida algumas vezes, por falta de alternativa. Mas eis que descubro esta! 

Foi como um céu coberto de núvens que repentinamente se afastam em simultaneo para deixar o sol brilhar! E tão simples...


Mousse de chocolate

Ingredientes:

100 gr de chocolate negro

Um frasco de leite de coco de 200 ml

Como fazer:

Derreter o chocolate em banho-Maria, verter-lhe o leite de coco, e misturar muito bem, até ficar um creme uniforme. Levar ao frigorífico 1h, e está pronto a servir. Se ficar mais tempo, melhor fica. 

Tem a textura de mousse e tem um sabor delicioso. 

quarta-feira, 7 de junho de 2023

"Será que as crianças ainda cheiram as flores?"


 Tirei foto a esta ervilha-de-cheiro com o telemóvel, e partilhei-a no FB, dizendo que o seu perfume me reportava à infância, e perguntando "será que as crianças ainda cheiram as flores?", à qual recebi muitos comentários, deveras interessantes. O que me fez reflectir ainda mais sobre o assunto, e ter vontade de partilhar, mais extensamente, aqui, no blogue. 

Que eu me debruçasse sobre as flores para apreciar os odores não era nada de excepcional, na minha infância todos os fazíamos. Passávamos muito tempo ao ar-livre, grande parte das nossas brincadeiras eram no exterior, nos quintais e jardins uns dos outros, estávamos em contacto directo com a natureza. Toda uma realidade que, praticamente, se extinguiu. 

Actualmente, a vida das crianças faz-se desde cedo entre quatro paredes, a vida profissional dos pais dificulta igualmente a saída para os espaços livres, e as actividades lúdicas principais, senão únicas, passaram a ser virtuais, jogos, vídeos, etc. . E precisamente um dos comentários recebidos dizia "Talvez prefiram cheirar os telemóveis". 

Houve também quem partilhasse vivências infantis alheias, uma criança que acompanhada pela avó comentava o cheiro das flores no ar, e que "cheirava a Primavera", prova de que estes episódios se tornaram raros, e por isso ficam na memória de quem os presencia.

Felizmente, algumas mães comentaram que sim, que os filhos cheiram as flores, mas essas mães são aquelas que as plantam, que as têm em casa, e que também as cheiram. O exemplo é sempre fundamental. 

Para mim, a nossa memória olfactiva é talvez a mais importante, porque no momento em que se activa me transporta ao tempo passado e me provoca as mesmas emoções da época. São memórias muito vivas. Como se estivessem alojadas num comportamento à parte, mais directamente ligado às emoções. No caso, cheirar uma flor permite-nos saber identificá-la, associando o odor ao visual, e realizar uma conexão imediata com o reino vegetal. Por momentos, acontece uma fusão entre nós e a flor, somos unos, e é uma sensação maravilhosa, que causa bem-estar, e propícia sentimentos de alegria e maravilhamento. Não é coisa pouca! 


Finalmente, houve quem comentasse que já não se lembrava de ver Ervilhas-de-Cheiro (pertencem às flores antigas dos jardins, saíram de moda!), e quem tinha semeado sem sucesso. Este é o segundo ano que semeio e com bons resultados. 
Faço assim: Comprei as sementes na Feira, coloquei-as em água de um dia para o outro, para activar a germinação. Dispus 8 rolos de papel higiénico num tabuleiro plástico (de cogumelos)que enchi até meio de terra, coloquei em cada quatro sementes, cobri com mais terra. Deixei o tabuleiro no parapeito da cozinha, do lado de dentro, fui regando, e em poucos dias as plantas nasceram. Deixo-as crescer dentro de casa até atingirem mais ou menos 10 centímetros, aí passam para a terra ou vaso, com rolo e tudo, afinal é biodegradavel. 
Para que produzam mais flores, depois das duas primeiras folhas, corto-lhe o caninho principal,deste modo vai obrigar a planta a crescer 2 "braços" laterais. Das primeiras vezes que o fiz custou-me um bocado, parecia que estava a mutilar a planta, mas na verdade isso fortalece-a, e os resultados são visíveis. 

Espero ter animado alguém, é aliás uma óptima actividade para se realizar com as crianças, se for o caso, garanto que vai valer a pena! 

segunda-feira, 5 de junho de 2023

Dica de Leitura - A Aldeia de Stepantchikovo e os seus habitantes

Via
Regressei aos livros da minha adolescência com este de Fiódor Dostoiévski, que aliás nunca tinha lido, e é considerado uma obra-prima do cómico dostoievskiano.

Fiódor Dostoiévski nasceu em 1821 em Moscovo, dentro de uma família nobre ortodoxa. Trabalhou como engenheiro, e em simultâneo traduzia livros, mas foi com a publicação de Gente Pobre, nos meados dos anos 40 que entrou para o circulo literário de Moscovo. Pertenceu a um grupo que discutia livros banidos, cuja consequência foi a pena de morte, comutada no último momento, mas teve que cumprir 4 anos de pena de prisão na Sibéria, mais 6 anos de serviço militar obrigatório no exílio. 
Trabalhou nos anos seguintes como jornalista e escritor; produziu obra considerável, e tornou-se o mais lido e reputado autor russo, os seus livros mais famosos são "Crime e Castigo", "O Idiota" e os Irmãos Karamazov", que foram diversas vezes adaptados ao cinema e televisão. 
A sua temática debruçava-se sobre a condição humana, retratando as suas personagens de forma sensível e dramática. 

Relativamente a este, Serguei Aleksandrovitch recebe do seu tio e protector, o coronel Egor Iliitch Rosstaniov, uma inusitada carta a convocá-lo, com urgência, para casa, a fim de casar com a preceptora dos seus filhos. Conhecendo o carácter afável e generosos do tio, Serioja apressa-se a comparecer, para mais sabendo de antemão que na propriedade do tio algo de muito estranho se passa, já lhe tinham chegado rumores sobre um dos comensais, Fomá Opísskin, cujo comportamento tinha dado azo a muitas conversas e espantos. 
A propriedade do tio, localizada na aldeia de Stepantchikovo, alberga uma série de parentela, a começar pela própria mãe do tio, viúva e primeira admiradora de Fomá, que sendo hóspedes eternos do coronel, e por ele tratados com estima e magnanimidade, lhe retribuem com atrevimento e cinismo, de forma generalizada, sobretudo por Fomá, considerado uma espécie de iluminado, à cabeça do grupelho. 
Serioja tenciona inteirar-se do que se passa e pôr os pontos nos ii's, estabelecendo a ordem e respeito, pelo seu querido tio. Porém, desde o primeiro momento, e perante as sucessivas cenas tragico-cómicas, mostra-se apenas um mero espectador apalermado, indignado mas apenas interiormente. 
Esta parte para mim, enquanto leitora, foi imensamente enervante, estava constantemente à espera que Serguei avançasse e virasse o jogo. Mas afinal era tão palerma como todos os outros, pensava eu frustrada. 
A acção lá se foi desenrolando, de falta de respeito em falta de respeito, com os comportamentos mais disparatados e diálogos enviesados, suponho que fosse essa a parte cómica, mas nunca me fez rir, confesso. Enervava-me antes. Deve ser o humor de outra era, e a propósito do tempo, um tempo não muito distante, em que os senhores da nobreza ainda possuíam servos, os tais servos da gleba, brancos, na Europa! Nesse aspecto, uma narrativa muito instrutiva. 
Por fim, o desenlace feliz, e não seria de esperar outra coisa, quando o género se define como comédia!
Obviamente que recomendo a leitura. Pode não fazer rir, mas é pedagógico, e mexe connosco. 

 
Título: A Aldeia de Stepantchikovo e os seus habitantes
Autor: Fiódor Dostoiévski
Editora: Editorial presença
Nr de págs:212 

quinta-feira, 1 de junho de 2023

Faça um Feliz Dias das Crianças!

Parece até que propositadamente, como se a Natureza pretendesse compensar as crianças, por tantos dias de chuva, ou de outras "coisas" que os mantiveram confinados a espaços restritos, amanheceu hoje um dia lindo de sol, daqueles ligeiros de Primavera, um quentinho agradável, e muito adequado para saídas. 

Espero que nas Escolas aproveitem para sair com os alunos, embora a minha impressão seja de que nas Escolas cada vez saiam menos com eles, devido a uma série de motivos, seja pela burocracia que cada excursão ao exterior implica, seja pelo habitual atraso de conteúdos do programa(cá para mim pecam pelo excesso), mas este ano ainda mais acentuado devido às greves dos docentes. 

Contudo, acredito que as saídas escolares podem ser muito mais pedagógicas do que aquele dia passado na sala de aula, há tanto para aprender com a realidade, tantas coisas para descobrir, com a sua observação e apreciação. Infelizmente, a maioria dos professores descura este aspecto prático a favor da teoria. Sempre a teoria,tão aborrecida e tão pouco estimulante! E depois queixam-se do desinteresse dos alunos, pudera...

Enfim, hoje, sendo o dia Mundial da Criança, espero que os pais e professores não deixem de pensar nas crianças e no que eles gostariam de fazer, no que os estimula e lhes interessa. Na Escola, uma saída ao jardim, ao Parque, ao Zoo, no mínimo uma aula ao ar livre! Nas famílias, um piquenique, se não possível ao almoço, que é o mais certo, que seja ao jantar. E não me venham com dificuldades, a boa-vontade tudo possibilita; do que há, habitualmente, no frigorífico, e em casa, umas sanduíches de ovo cozido, queijo, alface e tomate, ou tudo isto em salada, regada na hora de servir com molho vinagrete ou maionese, um saco de batatas fritas ou vegetais fritos ( melhor ainda), fruta, sumos ou água, e iogurtes como sobremesa. Garanto que o mais simples dos repastos vai saber como um banquete, num ambiente diferente, como um jardim ou parque. Na impossibilidade de saírem, no jardim de casa, ou mesmo na varanda. 

Eu e as minhas irmãs recebíamos um chocolate, neste dia, e foi uma memória querida que nos ficou para sempre. Já tínhamos passado a infância e ainda esperávamos pelo chocolate!

São destas pequenas coisas que se fazem os dias especiais e memoráveis. Nada que se espere dos governos, das autarquias, das escolas, mas sim nas famílias,onde tudo de importante acontece. Está somente nas nossas mãos.