Ai que saudades da minha meninice, quando sonhava com o Natal sem pensar na máquina que o fazia funcionar! Não pensava na lista de presentes, nem o que oferecer e a quem, não pensava em dinheiro, nem nas questiúnculas dos adultos, não me inquietava sobre onde passaria o Natal, nem como! O Natal simplesmente acontecia e não havia nada nem ninguém que o impedisse; e todos recebiam presentes e nada ensombrava o dia! Era o meu dia preferido do ano, antes mesmo do meu aniversário.
Mais tarde cresci e comecei a compreender a outra dinâmica do Natal; a magia da infância desaparecera mas continuava bem patente o cariz de festa familiar do Advento. Ainda assim era muito bom!
No ano passado compreendi, finalmente, como o Natal se tornara uma festa materialista, antecedido por um frenesim consumista, que atinge o cume com comezainas e enfartamentos. Pela 1ª vez senti, realmente, necessidade de celebrar o Natal de forma diferente; abolir o materialismo, recolher-me em reflexão sobre o que significa o Natal, e viver o nascimento de Jesus como o meu renascimento interior.
Por conta de complicações de adultos, o meu presépio estará repleto de figuras indiferentes, que não me dizem nada (já nem festa familiar, é!), e na manjedoura teremos novamente o materialismo, bafejado pelo consumismo e gula.
Quando penso neste presépio, sinto que as minhas emoções pelo Natal estão a ser aniquiladas; este Natal angustia-me!
Enfim, resta-me sempre o ano que vem…