Mende Nazer era uma menina de 12 anos, vivia uma infância feliz com a sua família, numa aldeia nas montanhas nuba, no Sudão. Uma noite, enquanto todos dormiam, os mujahidin cantando: Allahu Akhbar! (Deus é grande) atacaram a aldeia, lançando fogo às cabanas, assassinando os adultos de forma selvática e raptando as crianças maiores. Mende estava nesse grupo e foi levada pelos mujahidin par Cartum, onde foi vendida como um animal. A sua proprietária despojou-a de todos os direitos, inclusive do nome e de orar, maltratou-a de todas as formas, até a levar ao internamento hospitalar. Passados 7 anos de escravatura, quando a sua “dona” acreditava Mende incapaz de algum acto voluntário, enviou-a para Londres, emprestada à sua irmã como se fosse um electrodoméstico. Contudo, aí Mende reuniu coragem e conseguiu fugir para a liberdade, com a ajuda do jornalista Damien Lewis.
Em 1994 eu estava muito feliz, era livre, independente e estava apaixonada; passei parte do ano a planear o meu casamento, pois casei a 4 de Outubro. Então, como agora, eu não sabia que aldeias eram atacadas, pessoas assassinadas e crianças raptadas para serem vendidas como escravas. Para serem tratadas como animais, bestas de trabalho, sem direito sequer a uma alimentação adequada!
As pessoas que compraram Mende, têm carro, electrodomésticos, parabólica e viajam para a Europa. São os privilegiados do Sudão. Adoptaram a forma de estar ocidental, a comodidade dos tempos modernos, mas infelizmente não os valores. Encomendam uma escrava, como se encomenda um carro no Stand, e talvez até esperem menos para a receber! Chamam criadas às escravas fora do círculo familiar e social, mas junto dos amigos e parentes não há quem os recrimine! Ousam até trazer as “criadas” para países onde sabem que a escravatura foi abolida há séculos.
Hoje Mende Nazer estuda para ser enfermeira e participa activamente em manifestações internacionais contra a escravatura. Não é ficção, Mende não é uma personagem de um livro; Ela é real, tanto como eu e você!
Tenha uma boa semana!