Há uns anos atrás eu costumava comprar revistas de decoração. Agora vejo blogues. Algumas casas são realmente inspiradoras, porém uma parte delas parecem-me frias demais, sabe? Desabitadas, com tudo impecavelmente arrumado, como se fossem apenas de exposição.
Conheço casas assim, normalmente são decorações modernas, com objectos de design ou não, onde está tudo perfeitamente arrumado, com poucos objectos à vista e sobretudo sem objectos pessoais.
Não gosto dessas casas. Não me sinto bem lá. Ainda que possuam aquecimento não há como quebrar a frieza da atmosfera.
A essas habitações eu chamo…”casas”. Depois há outra categoria, à qual a minha pertence: lar. Como se caracteriza um lar?
Um lar é imperfeito, pode ter objectos que não combinam muito entre eles, no entanto estão perfeitamente encaixados ali, porque representam a memória de alguém, uma herança, um passeio, um presente muito especial.
Um lar é desarrumado. Um pouco. Porque os seus habitantes vão deixando vestígios aqui e ali, um livro, um casaco, um brinquedo.
No lar não há aromatizadores químicos a lavanda, há cheiro a bolo que é comido mal sai do forno, ainda quente.Há aromas únicos.
No lar há móveis com arranhões, com pancadas, a cheirar a cera.
No lar há criações próprias, exibições de arte e imaginação privadas.
No lar todos os amigos e familiares são bem-vindos, cabe sempre mais alguém à mesa, há sempre uma cama extra. Há um entra e sai constante porque aí todos se sentem… no lar.
Um lar é um refúgio, onde nos aconchegamos, nas horas de alegria e também de tristeza. Quem vive num lar já sai de casa com uma forte couraça, pronto a aceitar qualquer desafio da vida. Tem tudo a ver!
Eu vivo num lar, e você?
Tenha uma óptima semana!