segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Férias de Inverno em Paris

 


Proponham-me destinos climáticos agradáveis no Inverno e não hesitarei, portanto quando Paris veio à baila tentei contrapor com outros destinos mais quentes, mas perante a maioria acabei por ceder. Um dos argumentos que mais pesou foi o facto da Letícia mal se recordar da capital francesa, tinha 10 anos, na época. Sendo que sobretudo estas férias estavam a ser feitas para ela.

Ainda não falei aqui de como o curso da Letícia é absurdamente exigente, nunca pensei que Arquitectura tivesse este grau insano de dedicação e trabalho, para mais ela é aquele tipo de aluno que se dedica naturalmente, e não consegue fazer as coisas mais-ou-menos, é sempre a procurar dar 100%, portanto, estava exausta neste final de semestre, e nem sequer teria férias! Para vos dar uma ideia, as supostas férias de Natal foram passadas a trabalhar, com a excepção do dia 25, em que não fez nada, em todos os outros dias trabalhou longas horas, dia 1 de Janeiro inclusive. Agora terminavam os exames e entregas de trabalhos e as aulas do segundo semestre começavam na segunda-feira, sem sequer uma semana de férias. A exaustão, física e mental, o sono acumulado, não se contentavam com um fim-de-semana a dormir, ela clamava por algo mais nutritivo intelectualmente, por assim dizer, então esta viagem, embora planeada uma semana antes, tornou-se a recompensa que a motivava, nas horas limite de cansaço, e foi realmente um alento para ela. Apesar de ter faltado às aulas 3 dias, o que para a Letícia não é obviamente fácil. 


Embora eu tenha visitado Paris algumas vezes há sempre algo novo a descobrir, para mim foi o Petit Palais, todavia não me importo nada de re-visitar museus de arte, como o D'orsay. Para a Letícia havia 3 destinos que fazia questão: Versailles, Louvre e Orangerie. 

Infelizmente, coincidiu o nosso fim-de-semana com o primeiro domingo de Fevereiro, pelo que nesse dia a entrada nos Museus é grátis, mas "comprada" antecipadamente, o que já podem prever acontece muito limitada e rapidamente, e portanto tivemos nisso algumas frustrações, como a entrada no Palácio de Versailles, que nos foi impossível, e ainda uma greve dos transportes que nos limitou o acesso a certos sítios, e manifestações idem. Portanto, Versailles ficou ainda para uma próxima visita, de qualquer forma Paris nunca está totalmente vista, como eu lhe disse. 


De resto, aquilo que é renomado e obrigatório e ainda o que nem tanto,foi visitado: Place des Vosges, Notre Dame, Les Invalides, Arco do Triunfo, o Panteão, Torre Eiffel, Centro Georges Pompidou, Museu do Louvre, Museu D'Orsay, Orangerie, Tuileries, Champs Elissés, basílica do Sacré Coeur, Montmartre, Galleries Lafayette Haussmann, galerias de arte, e... lojas de roupa vintage, indispensáveis à minha filha!
 


O que me surpreendeu nestes dias, e que me servirá de aviso para férias futuras: já não há diferença entre época baixa e época-alta, as pessoas viajam todo o ano! Sobretudo os jovens. Há uns anos atrás víamos nas filas para as bilheteiras, maioritariamente, pessoas de meia idade ou que estavam, claramente, no mercado de trabalho, agora vê-se sobretudo jovens, óbvio que também contribuiu o facto de que em França, os jovens até aos 26 anos, pertencendo à C.E. não paguem bilhetes, mas a realidade é que eles estão nas filas para entrar e contam, numa época em que ainda há restrições ao número de entradas, devido às políticas covid, como em Versailles. 
Por conseguinte, comprar os bilhetes antecipadamente online faz mais do que sentido, é absolutamente necessário. 

À laia de conclusão, embora o frio sendo pior lá, não foi impeditivo de nada, um bom casaco, leggings por baixo dos jeans, cachecóis, luvas, gorros e bom calçado, bastam. Felizmente só tivemos chuviscos algumas horas, numa tarde, a chuva teria sido, sim, uma grande contrariedade. 
A Letícia conseguiu descansar, mentalmente, e voltou inspirada por tudo o que viu, pintura e arquitectura sobretudo.
 
Passamos momentos muito agradáveis e felizes, fosse a comer um kouign, a ver o pôr-do-sol na Torre Eiffel, a descobrir uma pepita numa loja vintage, a admirar os Nenúfares de Monet, a observar a neblina sobre Paris na escadaria do Sacré Coeur, a conversar com o pintor Esteban em Montmartre, a saborear uma baguette à l'ancienne com compota Bonne Maman, a todo o tempo coisas boas aconteciam. E por fim, ao contrário do que se consta: os parisienses foram sempre muito simpáticos e prestáveis.