De facto, só havia ali na praça uma meia dúzia de pintores, e de idade avançada, o que estranhei muito, mas já antes, por todo o lado, notei que não se encontra a juventude francesa a trabalhar, nos cafés, nos supermercados, nas lojas, nos monumentos, nas obras na rua, são quase todos negros, asiáticos ou árabes. São esses os trabalhos menos bem pagos, que os franceses rejeitam, mas terá toda a juventude francesa cursos superiores para exercer profissões melhor remuneradas? Não creio.
Porém, já nem artistas querem ser! E de todas as áreas que vi, foi em Montmartre que esta realidade mais me mortificou; estará a pintura daquele bairro condenada à extinção? Aquilo é histórico, por amor de Deus! Se a Arte morre é o fim da linha para a humanidade.
Numa nota mais positiva, em seguimento da conversa com o pintor de Montmartre, diz-me a Letícia que não concordou nada com ele, que a juventude quer trabalhar, mas talvez não nos moldes de antes, talvez não lhes interesse estar numa praça a vender os quadros que pintam.
É outra perspectiva, mas que o pitoresco do bairro perde a sua primeira qualidade com isto, é inegável, e não propriamente bom.