segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Economia de subsistência


Quando viemos viver para esta casa, antiga casa dos meus sogros, desagradava-me um pouco tudo e muito em particular a figueira. Esta árvore ocupa a parte central do nosso pequeno jardim e eu via os seus braços nus, no Inverno, como tentáculos tentando abarcar tudo, se possível a casa e os habitantes! E no Verão, irritava-me os seus constantes “bombardeamentos” que sujavam os passeios do jardim e minavam a gramínea, tornando o jardim um sítio a evitar. Numa discussão viva em que eu só apresentava argumentos para abater a figueira esqueci-me da sombra que ela nos providencia, da privacidade que nos proporciona, pois é uma autêntica cortina verde que nos protege do exterior e dos abundantes frutos que nos dá, só porque eu não gosto deles. Com o tempo comecei a ver a perspectiva da figueira, que aliás já estava naquele sítio antes mesmo da casa! Com a idade a figueira parece produzir cada vez mais; começamos a oferecer os seus frutos aos vizinhos e comecei a fazer doce de figo, para oferecer aos amigos e familiares.
E com surpresa constatamos que os vizinhos retribuíram com o que tinham: ovos caseiros, abóbora, cebolas, tomates, maracujás, etc. Vejo esta troca entre vizinhos como um acto de boa vizinhança, uma teia de gentilezas e amizade, que beneficia todos.
Não é curioso como tudo na vida tem duas perspectivas e só depende de nós escolher a positiva?!