Todos os domingos eu assistia religiosamente à série “Fame”; estivesse a fazer o que fosse, eu parava para ver o novo episódio. Domingo sem “Fame” era para esquecer! Eu gostava de ver aqueles jovens talentosos, na labuta diária da Escola, sonhando em conseguir papéis notáveis, que lhes trouxessem fama. No entanto, eu não me revia neles. Nunca sonhei com fama; eu sou discreta, sempre fui e as luzes da ribalta nunca me fascinaram, por isso prefiro os bastidores. Ser perseguida por fotógrafos, por fãs a pedir autógrafos, ganhar rios de dinheiro sem grande esforço, ter tratamento VIP em todo o lugar, deve soar maravilhosamente para muitos, no entanto o outro lado da moeda também existe: ser objecto de falsas notícias nas revistas cor-de-rosa, ter uma vida profissional tão preenchida onde já não cabe vida particular, não saber se o namorado está realmente apaixonada ou se é para aparecer, enfim… .Gerir tantas situações e emoções deve ser esmagador.
Como a fama nunca me fascinou os famosos ainda menos; sempre consegui separar muito bem as águas, compreender que os famosos são iguais a todos os outros, mal-educados, grosseiros, arrogantes, prepotentes, vaidosos e tudo isso em tamanho XXL, porque estes podem! Têm gente para aturar os caprichos e servir de capacho. Claro, há aqueles que conseguem manter os pés em terra firme, vigilantes sobre si mesmos e sobre os outros, mas esses, acredito, devem ser um grupo realmente pequeno. Poucos conseguem utilizar a fama para, em paralelo, desenvolver um trabalho em prol de causas justas. O “Ego” é demasiado grande para fazer seja o que for que enfoque outra coisa que não eles próprios.
Falando em fama, penso primeiro em cantores, actores, desportistas, estrelas do Big Brother, etc, mas na verdade estes são apenas fogos-fátuos, luzes que se acendem e pagam, pode durar uma vida ou apenas alguns anos, no entanto da fama destes não reza a História.
Na História permanecem nomes de quem descobriu a cura para uma doença, de quem fez o 1º transplante ao coração, de quem inventou uma máquina importante para a Humanidade, de quem escreveu algo maravilhosamente intemporal, de quem pintou um quadro extraordinário, etc. Contudo, estas pessoas não aparecem em festas, não saem nas revistas, não são protagonistas de escândalos, por conseguinte os seus nomes caem no esquecimento. Marie Curie, Christian Barnard, Thomas Edison, Padre António Vieira, Michelangelo, etc não estão na ponta da língua do povo. A memória é fraca! Sendo assim, serão eles realmente famosos?
Há alguns anos atrás eu dizia que não gostaria de ser famosa, apenas ter o dinheiro que normalmente a fama também traz. Actualmente já não penso assim; não sendo rica nem famosa tenho o suficiente para ser feliz.
É, sou uma chata-nojenta!
Post integrante da blogagem colectiva, promovida pela Micha, subordinado ao tema "Fama".