segunda-feira, 20 de junho de 2022

A primeira dália



Não sei exactamente quando me encantei por estas flores, mas acho que me lembro da página, de um jardineiro inglês galardoado, num daqueles programas sobre jardinagem, que se faz no Reino Unido, onde o amor pelo jardim justifica concursos deste género. Em criança lembro-me de ver dálias um pouco por todos os jardins, mas entretanto, foram desaparecendo, e surgindo outras flores, a moda também dita tendências na floricultura. Mas está claro que não quero saber disso. 

Supostamente, as dálias deveriam florir em Julho e Agosto, e eu estava preparada para essa longa espera, quando plantei os tubérculos, em Fevereiro. Mas, surpresa das surpresas, quando as Hortênsias dos vizinhos já estão floridas há semanas, e as nossas ainda a crescer, as dálias começaram a florir! A natureza tem destas coisas, é imprevisível, ou talvez melhor, tem vontade própria.

Ao ver o primeiro botão a crescer, e a desabrochar, segui-o diariamente, é aliás, a primeira coisa que faço ao acordar, mesmo antes de tomar o pequeno-almoço, vou ao jardim ver as novidades, porque durante a noite acontecem coisas. Ó sim, e nem sempre boas. 

Vou puxar agora dos galões e dizer que se não fosse o meu desvelo, esta flor nunca chegaria a existir; tenho lido comentários, na pág. do Insta que sigo, de muitas jardineiras a lamentarem a perda total das dálias. Mas eu, cuidei das dálias como de crianças, por assim dizer, alimentei, aconcheguei, protegi, guiei, falei com elas e animei-as. Assim que brotaram da terra coloquei-lhes, durante a noite, as campânulas improvisadas de garrafas de refrigerantes; quando ficaram grandes demais, plantei entre as dálias, as chamadas plantas defensivas, sálvia, caril, lavanda, etc. ,cujos odores repelentes, supostamente, controlam as pragas. Mas quando nada pareceu resultar, fui todas as noites (mesmo com chuva!) inspeccionar as dálias com a lanterna, à procura de lesmas e caracóis, que pelos vistos as adoram e devoram sem piedade, e, sem exagero, recolhi centenas! 

Por fim, adubei-as, e orientei-as com estacas, porque de facto o peso das flores fazem com que tombem. 

Portanto, estas dálias são resultado da vontade de nascer, de se realizarem, com o cuidado que lhes foi prestado. E valeu tudo. 

Todas as manhãs as observo encantada, e lhes conto os botões, plantei 9 tubérculos, e há, para já, 24 flores em progresso. Confesso que me custa muito cortá-las, mas espero ter suficientes para pôr em jarras no centro da mesa, é também outra forma de as admirar, e desfrutar da beleza do jardim. 

Para quem não possui jardim, as dálias também se podem cultivar em vasos. Fica o desafio!