segunda-feira, 15 de abril de 2019

Os Descobrimentos e os portugueses


 
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Esta sanha contra determinadas palavras que não podem ser ditas, por alegadamente ferirem as minorias, vai ceifando a eito de forma histérica e tresloucada. Refiro-me à nova tendência, castradora e sufocadora do politicamente correcto. Ai do incauto, ingénuo ou desprevenido que se deixe apanhar pelos seus agentes! Trucidam-no totalmente, sem a compreensão que reclamam para as suas causas. Ora desta feita o foco é a palavra "Descobrimentos"; já começa a ser dita entre dentes, a medo, olhando para um lado e para o outro, não vá ofender os ouvidos delicados de algum polícia do P.C. .  Se nós estamos metidos em sarilhos, por no século XIV termos dado inicio aos descobrimentos, imagine-se os Conquistadores espanhóis! Mas quanto a isso, eles que se defendam, se é que há em seu abono defesa; relativamente aos portugueses, não posso deixar de partilhar a minha indignação e inconformismo. 

Descobrir não significa "inventar", ou fundar, ou criar; na língua portuguesa, descobrir significa encontrar, destapar, mostrar. Ora os portugueses navegadores e marinheiros, reclamaram a descoberta do caminho marítimo para a Índia, para o Brasil. Fizeram rotas por mar, que nunca antes tinham sido feitas. Chegaram a países que existiam, eram habitados, alguns mais evoluídos do que outros, mas foram os primeiros ocidentais a lá chegar. Muitas vezes fixaram-se lá, constituíram família, comercializaram com esses povos, reclamaram terras em nome da coroa, evangelizaram os povos, e até a partir de uma determinada época, os escravizaram. Estamos a falar de há 500 e 400 anos atrás. Foram coisas que aconteceram num tempo em que o valor da vida humana era outro, em que a ética era outra, e a forma de viver também. Não vamos agora penitenciar-nos pelos pecados dos nossos antepassados, apagando o que fizeram de bom. 

A coisa está tão delicada que o suposto Museu dos Descobrimentos, que deveria ser construído em Lisboa está agora em banho-maria; têm medo de o nomear! O ridículo a que isto chegou. Este museu, que já deveria estar aberto ao público há dezenas de anos, está ainda suspenso devido a estas delicadezas hipócritas de uma minoria enjoativa. Por todo lado, em Lisboa há claras referências aos Descobrimentos, os turistas precisam que lhes expliquem como aconteceram os Descobrimentos; e temos que ensinar aos portugueses sobre o período áureo da nossa história ( quantas vezes invoquei os Descobrimentos aos meus filhos, para os contrariar na depreciação que fazem a Portugal? Até os convencer da grandeza do nosso pais!), e os estrangeiros precisam também de saber que esta pequena nação chegou aos quatros cantos do mundo, enquanto os seus países ainda se dedicavam à agricultura! 

Na semana passada estivemos em Malta, e num pequeno cruzeiro guiado admiramos a fortaleza construída no séc.XVII por Manuel de Vilhena, Grão-mestre da Ordem de S.João, que governou a ilha durante séculos; amado e respeitado pela sua integridade, é ainda hoje uma referência no país. A sua alusão enche-nos de orgulho e respeito. Ao lado, os franceses encolheram-se um bocadinho à referência do saque napoleónico; e os alemães idem, perante as casernas que serviam de bunker à população durante os bombardeamentos da Segunda Guerra Mundial. A nossa História é grandiosa!

Felizmente, no Porto existe há já alguns anos o World of Discoveries, que é apreciado e visitado por milhares de pessoas por ano. E certamente contribui para que a visita à Invicta seja mais completa e verdadeira. Um serviço que prestam a Portugal.

Cada vez noto mais a diferença entre Norte/Sul; não andamos com paninhos quentes, por aqui. É que mais acima um bocadinho, existe o Castelo de Guimarães, Berço da Nação. E ai de quem vier sugerir eufemismos para contar outra História da reconquista portuguesa!
E com isto termino a minha dissertação, que vai muito além da defesa patriótica, toda ela incorrecta para os agentes do discurso polido, melindroso e mentiroso, é provocatório. Mas por Deus, faço disso a minha intenção!