segunda-feira, 29 de abril de 2019

Entrada directa na Universidade ⤵

 
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No Programa Prós e Contras, de 22 de Abril, um jovem de sucesso, que estudou na Austrália e Cambridge, arrasou com as Universidades portuguesas, recorrendo a frases como esta: - não passa pela cabeça de ninguém ir aprender para a universidade de Évora.  E carimbando rotundamente as universidades portuguesas como "anedotas", alvoroçou obviamente a reacção pública que foi de grande indignação.

Se por um lado, este jovem, privilegiado, nem sequer estudou em Portugal e portanto, fala de uma realidade que desconhece na primeira pessoa, por outro, há evidentemente imensos casos de sucesso nas Universidades Portuguesas, e prova disso são os jovens formados que delas saem todos os anos, para muitos países do mundo, para diversas empresas mundialmente conceituadas, e pelo reconhecimento que esses mesmos profissionais obtêm no exterior. Para além de algumas das nossas universidades serem elas próprias reconhecidas internacionalmente, e estarem muito bem posicionadas no ranking mundial.

Contudo, este facilitismo que os sucessivos ministérios da Educação têm promovido nas últimas décadas, proporcionam  de facto, o surgimento de algumas "anedotas". Quem estiver no meio sabe, e quem estiver de fora e que acompanhe directamente ou pelas noticias, também. 
A taxa de sucesso é tão importante a nível da C.E. que a passagem de ano está feita para ser praticamente automática. Os dissuasores burocráticos existem como bloqueios para as retenções. A pressão nas Escolas é real, que evidentemente se reflecte nos professores.

Por outro lado, saiu há pouco a notícia de que os estudantes do Ensino Profissional, vão agora ser admitidos nas Universidades sem fazer exames de acesso, o que é para lá do anedótico, é dramaticamente injusto. 
Mais uma vez, a classe média é a visada e prejudicada, com este desvario; os filhos das classes ricas frequentam colégios, muitos dos quais conhecidos publicamente por inflacionarem as notas ( vide Externato Ribadouro), os filhos dos pobres podem agora passear os livros durante mais tempo, se assim o escolherem; os filhos da classe média, que estudam nas escolas públicas e levam o ensino a sério, esforçando-se, estudando afincadamente com a vista nas médias para os cursos e Universidades que querem, frequentemente com um suplemento de esforço financeiro, de trabalho e tempo, ao recorrerem a Explicações, são aqueles que ficam praticamente por sua conta e risco.

O jovem empreendedor de sucesso não está assim tão enganado. Da forma como o Ministério da Educação trata a classe docente, seja no reconhecimento da classe, seja no apoio que sofrem em casos de violência, cada vez mais frequentes, seja agora com a abertura da Universidade a quem nada ou pouco estudou (brincou) durante 12 anos, está a destruir o sistema educativo português. Vamos chegar a um ponto em que nem professores decentes teremos, para fazer jus ao Ministério e população. 
E que tipo de profissionais sairão deste frágil modelo inclusivo? 
O que está a ser feito é preocupante a vários níveis, e agora podemos ser apenas nós a sentir esta injustiça, na pele dos nossos filhos, mas certamente que um dia, tocará a todos!