quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Transição de Estação


Fico sempre admirada por haver tantas pessoas a terem o Outono como estação preferida. Sobretudo pessoas da minha região, quer dizer, não vivemos propriamente numa província onde as folhas das árvores secam gradualmente, permitindo a transformação e passagem de uma cor para outra, verde, amarelo, laranja, castanho, como se vê nas lindas fotos associadas ao Outono. 

No Norte, passamos do calor e das roupas leves para as galochas e lãs. 

Eu tento ajustar-me à passagem das estações e aproveitar o que cada uma tem de melhor, mas sinceramente, a que mais me custa é mesmo esta, deixar o Verão e entrar no Outono, por precisamente implicar chuva, e chuva a potes! Se pelo menos fosse o frio... mas não, são dias e semanas seguidas de chuva. O seu som monótono e repetitivo, de manhã à noite, é cansativo. Suponho que a chuva é como a neve, muito mais bonita nos filmes do que na realidade. 

Suspeito que esta transição desafiante seja sentida por muitas pessoas, e que isso se reflicta no grande número de deprimidos que surgem por esta época. Como sou uma pessoa um pouco ( há quem discorde com o pouco...mas adiante)reactiva, depressão não me provoca, mas alguma irritabilidade e impaciência, creio que sim. Portanto, o desafio é encontrar estratégias para transformar a casa, as rotinas, os dias, de forma a tornar tudo muito mais agradável e apaziguador. 

O que eu faço:

Tapetes - Volto a colocá-los depois de terem sido recolhidos no início de Verão. É muito mais agradável pousar os pés na lã do tapete quando me levanto de manhã. 

Almofadas- Troco as capas das almofadas de algodão e seda dos quartos e salas, para os tecidos mais quentes e macios.

Velas - Começo a acendê-las mais frequentemente, e volto a colocar uma no parapeito da janela da cozinha, gosto daquela luz tremelicante ao fim do dia, ou noite. 

Pães & Bolos - Volto a fazê-los com maior frequência, não há nada mais reconfortante do que o cheirinho do bolo, ou pão, a cozer no forno, e chamar para o lanche a família que vem a correr.

Compotas e doces - Faço com a fruta da época, a marmelada e compota de abóbora e maçã, para lanches e sobremesas. O cheirinho destas iguarias a cada confecção é outra característica da época que guarda boas memórias.   

Chás - Renovo o stock de chás, gosto deles bio, e de variar para agradar a todos. Recomeçamos a tomar chá também às refeições. 

Livros - Depois das actividades mais viradas para o exterior, do Verão, volta o tempo de recolher mais ao sofá e dedicar mais tempo à leitura. 

Roupa - Troco a roupa de Verão pela de Inverno, nos armários. Troco os lençóis de cama de algodão pelos de flanela ( somos friorentos e gostamos de roupa de cama fofa) e estes são mesmo, com lindos padrões conforme o gosto de cada habitante da casa. 

Sol - Aproveitar melhor os momentos de sol, quando intervala a chuva, seja no jardim, seja numa caminhada ou passeio. Não podemos mesmo esperar por um dia de sol, é agarrar o momento, carpe diem

Fotografia - Tirar fotos predispõe-nos a olhar os espaços de outra forma, é a busca pela beleza, pelo ângulo adequado, pela perspectiva diferenciada. E depois, ao observar as fotos no pc, volto a sentir aquelas emoções positivas. 

Certamente outras pessoas farão coisas diferentes, como por exemplo ir às compras de roupa de Inverno, as tendências ditam novas aquisições (já fiz assim no passado), mas cá em casa somos pouco consumistas, só compramos, praticamente, quando precisamos, portanto por si só não é prática "anti-mood". Todavia, o que importa mesmo é encontrar actividades que nos ajudem a elevar o espírito, e sentirmos o aconchego de uma estação que antecede outra que se propicia igualmente para o recolhimento. E porque isto ainda vai demorar, temos mesmo que nos sentir bem, a cada dia.