Estes dias lia uma crónica num pequeno jornal quando me deparei com a designação: “pai dos burros”, referente ao Dicionário. A autora, professora de Língua Portuguesa por sinal, lamentava-se do frequente “assassinato” da língua materna, que a levava muitas vezes, a duvidar da sua correcção, e por conseguinte a obrigava a consultar o "pai dos burros" ou seja, o Dicionário.
Fiquei irritada! Muito irritada.
Tive um professor de Literatura Portuguesa, na Faculdade, que certa vez nos atingiu com um veemente sermão, a propósito de não termos preparado um texto, como ele nos recomendara. E ele perguntava-nos quem julgamos nós que éramos, pois ele – afirmava - continuava a usar o Dicionário frequentemente, que esse era um livro para ser consultado toda a vida. E nós, a engolir em seco, em culpado silêncio, enquanto recebíamos uma lição de humildade, mais do que merecida, de alguém que realmente considerávamos um grande professor.
Desde esse dia que consultar o Dicionário se tornou, para mim, um enorme prazer; ele está aqui mesmo à mão, por cima do pc e uso-o frequentemente. Muitas vezes para saber o que significa determinada palavra. Às vezes com as crianças. Por vezes somente para descobrir novas palavras. Contudo, foi preciso ouvir alguém, que considero ser um sábio, fazer o elogio ao Dicionário para compreender que na aprendizagem não há burrice. Burrice existe quando não há aprendizagem. Burrice é chamar “pai dos burros” ao Dicionário, apontando um dedo acusador a quem procura o conhecimento.
Por isso eu digo: Dicionário, pai dos sábios!
Tenha uma óptima semana!