Há alguns meses vi na tv uma reportagem sobre mulheres que optaram por não ter filhos. Apresentaram razões variadas: falta de sentido maternal, falta de tempo, dedicação prioritária à carreira, vontade de despender o dinheiro em viagens e outras coisas mais pessoais, etc.
Uma destas senhoras confessou que a partir de determinado momento, perante a insistência e incompreensão dos outros, começou a dizer que não tinha filhos, porque não podia!
Nestes casos, as pessoas calam-se. Pensam: - Coitada! Mas realmente param de tentar convencer aquela mulher de que a maternidade é imperdível. A melhor coisa do mundo.
Acreditem-me, eu compreendo-a.
- Ter ou não ter filhos?
- Seria legítimo trazer uma criança a este Mundo, tão difícil e conturbado?
- Não seria esse um acto de egoísmo supremo?
- Não existiam já tantas crianças no Mundo?
Tempo houve em que eu me debrucei sobre estas questões. E portanto, quando me colocavam aquela famosa questão: - E filhos? Eu respondia com estas divagações, que invariavelmente resultavam na mesma resposta:
- Ah, se todos pensássemos assim ninguém tinha filhos!
- Não deveríamos antes adoptar uma criança?! Retorquia eu.
( Na época eu achava, erradamente, que a quantidade enorme de crianças para adoptar nas Instituições se devia à falta de adoptantes. Hoje sei que os responsáveis por esse “cativeiro” são a burocracia e os juízes “crentes” nos laços sanguíneos. )
- Ah! Mas, não quando se pode ter filhos nossos! Resumiam-me imediatamente.
Não me entendam mal, eu penso de facto que ser mãe é fantástico, mas compreendo absolutamente estas mulheres, que conscientemente optaram por não ser mães. Acho-as coerentes. E respeito-as por isso. O que já não compreendo tão bem, são as mães que se queixam das férias escolares porque têm os filhos em casa, e celebram com alegria quando as aulas recomeçam. Isto não é coerente.
Portanto, hoje, dia da Mãe, a minha homenagem vai para essas mulheres, pela coragem de assumirem que os filhos não têm lugar nas suas vidas. Por não se enganarem, nem enganarem os outros – as crianças.
Se você for uma mãe fantástica - que gosta realmente de ser mãe - e quiser ler uma homenagem mais poética, clique aqui: lirismo imagético, garantido!
Feliz dia!