terça-feira, 18 de outubro de 2016

#SaveTheLivingroom


Via Vintage Home
Quando o Duarte descobriu a série South Park e eu percebi a quantidade de palavrões que as personagens diziam, proibi-o de ver essa série. Claro que sempre que podia, ele via às escondidas e sei isto porque o apanhei diversas vezes. Admoestava-o, dizendo-lhe que apesar de ser animação não era para a idade dele, que os conteúdos eram para adultos, etc, etc. Contrariado, acatava mas sempre que podia, continuava a ver. Tenho a certeza. 
Agora esta censura já não faz sentido, e uma vez ou outra vejo um pouco de algum episódio com ele. E curiosamente, das poucas vezes que isso aconteceu o episódio tocava nalgum ponto bastante relevante; fiquei com a impressão de que os temas fazem pensar e são educativos, a linguagem é que não se mantém a esse nível. 

Este último episódio andou à volta da #SaveTheLivingroom. Esta evidência é planetária, as famílias deixaram de usar a sala de estar; já não se reúnem todos no sofá, no fim das refeições e fins-de-semana, a verem programas de televisão. Cada um sai da mesa, para direcções diferentes, com os seus tablets, telemóveis e p.c's. 

Por vezes, os meus filhos perguntam-me se eu penso que a minha infância e juventude foram melhores do que a deles, e eu digo sempre que sim. Foi melhor neste sentido de estar efectivamente presente nos sítios onde estive; e na sala de estar também. Era hábito a família reunir-se depois do jantar, para ver algum filme, ou série, apesar de termos apenas dois canais, e a escolha ser extremamente diminuta. E esses serões de t.v. em família são doces memórias que eu tenho e prezo. 

A sala-de-estar foi abandonada, por ninguém querer "estar". Estamos apenas de passagem, e se estamos em algum sítio, há-de ser muito provavelmente online