Já houve um tempo em que o Natal para mim era uma casa cheia de gente, de uma grande família, barulho, uma mesa comprida e abundante.
Quando a minha amiga, que casou com um alemão, me descreveu o primeiro Natal passado com a sua nova família, confesso, fiquei com pena dela: Creme de marisco, fondue de não-sei-quê, bolo de chocolate, e outra sobremesa que já não recordo. Como?! Para além de não haver Cozido de bacalhau com todos, a ementa reduzia-se a, literalmente, meia dúzia de coisas?! E para cúmulo, a família era de somente cinco pessoas. Coitada...!
Hoje já não penso nada assim. Uma família de quatro pode passar um belíssimo Natal; a cozinhar em conjunto durante a tarde, e a desfrutar de um serão com gargalhadas, a comer tranquilamente, e a jogar pela noite adentro. Enquanto, uma casa com imensas pessoas não significa automaticamente união, felicidade, e muito menos intimidade.
Outra coisa que, actualmente, me faz imensa impressão é a quantidade de comida posta na mesa, e o exagero das pessoas a comer nesta data. Admito que cada vez mais me identifico com o Natal alemão, alguma parcimónia nas doses, e redução de diversidade parece-me muito mais adequado. E depois da minha última leitura, "Christmas at Fairacre", onde constatei que o Natal em Inglaterra é também muito neste estilo, compreendi que em diversos países há outro equilíbrio, nesta data.
Não é só porque podemos que devemos. Para mim não faz sentido algum. Fica a reflexão, para futuros reajustamentos. Já sei, que mais uma vez, vou encontrar oposição, isto não vai ser nada popular. Mas é o certo.