segunda-feira, 14 de maio de 2007
Os monstros existem, sim…
Esta história do desaparecimento de Madeleine MacCann perturbou-me profundamente; não é necessário ser psicóloga para compreender que estou a projectar sobre mim e meus filhos este medo, ou antes, pavor de rapto, porque tenho consciência de que sempre o tive. Desespera-me sobretudo saber que apesar do empenho da policia, apesar de terem disponíveis todos os meios, humanos e técnicos; apesar das pressões políticas, nacionais e internacionais; apesar da ajuda de policias ingleses experientes nestes casos; apesar das ofertas de recompensa dos jornais ingleses, de um amigo dos pais de Madeleine, até mesmo dos milionários Richard Branson (Grupo Virgin) e da autora de Harry Potter J.K. Rowlands, apesar de tudo isso a menina ainda não tenha sido encontrada e o silencio da policia não augurar nada de bom.
Costumo dizer que os meus filhos são as criaturas mais puras e inocentes que já conheci, pois viveram numa espécie de bolha familiar, preservados da maldade e malícia humanas até há pouco. Fui adiando revelações sobre o mundo que os espera cá fora, por me ser pesaroso acabar com a inocência deles. Estes dias decidi que estava na hora de ter uma conversa com o meu filho; disse-lhe que os monstros que ele vê nos desenhos animados, existem. Ele respondeu-me muito admirado:
-Pensei que os monstros só existissem na imaginação!
-Vês como eles são feios, assustadores e maus? - Insisti eu – Então, estes monstros de que te falo tem um aspecto igual ao nosso, mas por dentro são monstros iguais a esses dos desenhos animados, nós é que não conseguimos ver. E querem fazer mal às pessoas, muitos querem fazer mal às crianças.
Expliquei-lhe de forma compreensível e suave sobre os pedófilos, raptores, abusadores, mal tratadores, e de como os deve evitar, se por acaso se deparar com algum. Dei-lhe a conhecer uma realidade dolorosa e ignóbil mas como diz a minha amiga Geórgia,uma mãe muito sábia, que me inspira muito, é preferível contar agora do que deixá-los desprevenidos.