A Letícia tem andado muito triste, com a partida anunciada, para o estrangeiro, de uma das suas melhores amigas. Conhecem-se desde o 1º ano e desde então tornaram-se muito próximas. Quando o pai da amiga emigrou, e a S. se sentiu desolada com isso, a Letícia ficou preocupada e triste. Chegou a dizer-me:
- Já viste, mãe, se fosse comigo ? Eu também ficaria muito triste, não ter o pai aqui...
Como tem acontecido em tantos outros casos, o pai acabou por levar a restante família, com ele. Porque as famílias querem-se juntas. Porque não há esperança de que a situação em Portugal melhore, e a sua ausência seja temporária. Porque as pessoas têm que viver, não apenas sobreviver. E tudo isto é triste.
A S. já é a terceira da turma da Letícia que emigra. E a segunda que lhe toca particularmente. Parece que a situação se repete e torna mais dramática à medida que o tempo passa. Não nos interessam os sinais de "recuperação da economia", tão anunciados pelos especialistas nos telejornais, porque os verdadeiros sinais são estes - Uma população em debandada. A seguir "a indicação" do senhor primeiro-ministro, por desespero e falta de alternativa.
Quando eu era criança, recordo-me de ter algumas colegas, filhos de emigrantes, que regressavam a Portugal; o país dava realmente sinais de mudança, a vida parecia ser mais promissora, e os portugueses acreditavam que era um pais com futuro. Era um tempo alegre.
Com os meus filhos passa-se o oposto; os colegas emigram, porque os pais deixaram de acreditar no presente de Portugal, vendo-o como uma nação sem futuro. As escolas vão perdendo alunos, as casas vão ficando vazias. E isto é tão triste.
A S. vai ter que integrar-se num país onde se fala outra língua e aprende-la. Vai ter que adaptar-se a outra escola e a fazer novos amigos, mesmo não dominando a língua. Vai recuar um ano lectivo. Vai ficar sem a restante família. Vai enfrentar uma série de desafios que assustam e preocupam adultos, quanto mais uma criança. E deixar para trás tudo aquilo que lhe era familiar e habitual.
Como não andaria a S. preocupada e infeliz ?
Hoje a Letícia foi triste para a escola, por saber que seria o primeiro dia em que a S. não estaria lá.
Para toda esta situação, da S. e tantas outras famílias, só me ocorre uma palavra: coragem. Porque eles têm-na.
- Já viste, mãe, se fosse comigo ? Eu também ficaria muito triste, não ter o pai aqui...
Como tem acontecido em tantos outros casos, o pai acabou por levar a restante família, com ele. Porque as famílias querem-se juntas. Porque não há esperança de que a situação em Portugal melhore, e a sua ausência seja temporária. Porque as pessoas têm que viver, não apenas sobreviver. E tudo isto é triste.
A S. já é a terceira da turma da Letícia que emigra. E a segunda que lhe toca particularmente. Parece que a situação se repete e torna mais dramática à medida que o tempo passa. Não nos interessam os sinais de "recuperação da economia", tão anunciados pelos especialistas nos telejornais, porque os verdadeiros sinais são estes - Uma população em debandada. A seguir "a indicação" do senhor primeiro-ministro, por desespero e falta de alternativa.
Quando eu era criança, recordo-me de ter algumas colegas, filhos de emigrantes, que regressavam a Portugal; o país dava realmente sinais de mudança, a vida parecia ser mais promissora, e os portugueses acreditavam que era um pais com futuro. Era um tempo alegre.
Com os meus filhos passa-se o oposto; os colegas emigram, porque os pais deixaram de acreditar no presente de Portugal, vendo-o como uma nação sem futuro. As escolas vão perdendo alunos, as casas vão ficando vazias. E isto é tão triste.
A S. vai ter que integrar-se num país onde se fala outra língua e aprende-la. Vai ter que adaptar-se a outra escola e a fazer novos amigos, mesmo não dominando a língua. Vai recuar um ano lectivo. Vai ficar sem a restante família. Vai enfrentar uma série de desafios que assustam e preocupam adultos, quanto mais uma criança. E deixar para trás tudo aquilo que lhe era familiar e habitual.
Como não andaria a S. preocupada e infeliz ?
Hoje a Letícia foi triste para a escola, por saber que seria o primeiro dia em que a S. não estaria lá.
Para toda esta situação, da S. e tantas outras famílias, só me ocorre uma palavra: coragem. Porque eles têm-na.