segunda-feira, 14 de julho de 2014

O Primeiro Concerto - One Direction


Desde o seu aniversário que a Letícia esperava por este dia. Quase um ano. Tempo que eu receei ser suficiente para esfriar esta paixão pela boys band. O que não aconteceu, mas poderia muito bem ter acorrido, devido à volatibilidade típica destas idades e ao tempo que demorou, que bem se proporcionava para isso.

As coisas mudaram imenso desde que era eu a frequentar estes eventos. Para começar, já era suficientemente crescida para ir apenas com amigas; os bilhetes eram comprados com uma antecedência muito razoável, nada que se compare a 9 meses! E, finalmente, dirigiamo-nos para o local, apenas no próprio dia e próximo da hora do concerto.

Ver nas notícias que as fãs dos One Direction começaram a acampar nos arredores do Dragão na quinta-feira, dispondo-se a dormir aí, no chão e ao relento, algumas com pais, outras sem, para assistir a um concerto no domingo seguinte, deixou-se atônita.
A minha filha começou intimamente a questionar-se o que fazia tranquilamente em casa. A perguntar-se se não deveria dirigir-se para o estádio, como as outras.

Quando começou esta loucura? Perguntava-me incrédula. Quando os pais começaram a permitir que acontecesse. E diziam nas entrevistas, a modos de explicação: O que fazemos pelos filhos!  Como se esta frase contivesse toda a essência do amor ilimitado que sentimos pela nossa prole.

Permitam-me discordar. E duvidar. Permitir que os nossos filhos frequentem eventos cada vez mais jovens, implica acompanhá-los e orientá-los. Não basta integrarem um grupo de amigas da mesma idade. Não é aceitável que lhes permitamos permanecer no local do concerto 4 dias a viver ao estilo sem-abrigo.

Mesmo nestas coisas fixes, das quais já mal nos lembramos e não sabemos quase nada, temos que ser nós a dizer-lhes como proceder. Ir para lá no próprio dia, nem sequer muito cedo, o mais próximo possível da abertura das portas ( condescendamos nisso), levando uma mochila com água, protector e algo para comer, para além do telemóvel. É o básico.

A grande maioria dos pais permanceu próximo do estádio do Dragão; muitos deles fizeram do shopping ao lado, sala de estar, onde comeram, dormiram, viram tv e de onde espreitaram para o estádio, observando o balouçar dos balões vermelhos e verdes. De onde certamente vibraram unicamente por imaginarem como as filhas estariam felizes dentro do recinto.

A Letícia esteve muito próxima dos rapazes. Nem queria acreditar quanto!
A minha estava a viver uma das experiências mais marcantes da vida dela. Algo que nunca esquecerá, assim como o facto de ter sido acompanhada pelo pai. Um esforço que vale a pena fazer, de modo a ficar colado para sempre a uma memória tão feliz.

Porque no fim de contas é isso que os pais querem fazer, proporcionar memórias felizes. Com condições e dentro do razoável.