Fez correr mais " tinta" o facto de o Instagram ter apagado a conta da dita senhora, do que propriamente a repercussão da foto da criança. - Afinal, o que tem de tão errado publicar uma foto de uma menina a mostrar o umbigo? Pergunta a mãe furiosa. Há tantas fotos publicadas no site de corpos mais despidos!
Para esta blogger, cuja conta no Instagram existia há cerca de 4 anos, e onde partilhava fotos de família com regularidade, esta foto era apenas mais uma. O registo de um momento que ela, como mãe, achou ternurento, e quis partilhar com os seus seguidores.
Tenho a impressão, enquanto leitora, que a busca de fotos e factos para partilhar com quem nos lê, extrapola o razoável, tamanha é a sede que a motiva. E as mães bloggers, lamento dizê-lo, estão na vanguarda deste fenómeno disparatado. Parecem mais frequentemente estar online na vida real, do que propriamente a viver o momento. Os filhos comem um gelado, tira foto. Os filhos tomam banho de espuma, tira foto. As crianças sorriem com a boca suja da sobremesa, tira foto. A criança levanta o vestido, tira foto!
Tira foto e partilha, é o modo em que se encontram constantemente. A rotina mais básica e corriqueira é registada com uma patente sofreguidão, para quem é vital recolher permanentemente matéria que alimente o blogue. E obviamente, como acontece quando há um défice de alguma coisa, a satisfação ultrapassa a saciedade. Passam-se limites.
O argumento de algumas bloggers é no mínimo incoerente, dizem que estão a registar momentos familiares. Que pretendem partilhá-los com amigos e familiares que vivem à distância. Se é por isso, as contas podem ser abertas apenas a convidados, como eu já tive, para os meus filhos.
Outro argumento apresentado é que no meio de tantas fotos de nudez, que parecem já não escandalizar, crianças semidespidas são apenas a imagem da inocência plasmada. Que a perversidade está nos olhos de quem as vê. Portanto, os pais sabem que as fotos podem ser vistas por quem as observa com inocência e por outros que não o fazem. Que podem ser inclusivamente guardadas e usadas em sites terríveis.
Mais, esquecem aqui um factor importante. As crianças não têm noção da exposição a que estão a ser sujeitas.
Já li diversos testemunhos de adultos que afirmam não gostarem, mesmo nada, da ideia de terem fotos suas, de crianças, partilhadas na internet. Eu também não gostava.
Na essência, este debate confronta duas questões: a devassa da privacidade de alguém desprotegido, e falta de respeito. E o mais triste da questão é que ambos são consequencia de actos de quem deveria proteger as crianças acima de tudo.
Este caso, partindo desta foto, é uma metáfora eficaz que ilustra bem a postura de muitas mães-bloggers, cujo olhar está focado apenas no seu umbigo. Deveriam levantar a cabeça e ver um pouco mais longe, pois a vida real está lá fora. Deveriam desfrutar mais do que a vida oferece, sem necessitarem de lentes para o fazerem. Até porque um dia poderão vir a ter que prestar contas aos filhos.
Para esta blogger, cuja conta no Instagram existia há cerca de 4 anos, e onde partilhava fotos de família com regularidade, esta foto era apenas mais uma. O registo de um momento que ela, como mãe, achou ternurento, e quis partilhar com os seus seguidores.
Tenho a impressão, enquanto leitora, que a busca de fotos e factos para partilhar com quem nos lê, extrapola o razoável, tamanha é a sede que a motiva. E as mães bloggers, lamento dizê-lo, estão na vanguarda deste fenómeno disparatado. Parecem mais frequentemente estar online na vida real, do que propriamente a viver o momento. Os filhos comem um gelado, tira foto. Os filhos tomam banho de espuma, tira foto. As crianças sorriem com a boca suja da sobremesa, tira foto. A criança levanta o vestido, tira foto!
Tira foto e partilha, é o modo em que se encontram constantemente. A rotina mais básica e corriqueira é registada com uma patente sofreguidão, para quem é vital recolher permanentemente matéria que alimente o blogue. E obviamente, como acontece quando há um défice de alguma coisa, a satisfação ultrapassa a saciedade. Passam-se limites.
O argumento de algumas bloggers é no mínimo incoerente, dizem que estão a registar momentos familiares. Que pretendem partilhá-los com amigos e familiares que vivem à distância. Se é por isso, as contas podem ser abertas apenas a convidados, como eu já tive, para os meus filhos.
Outro argumento apresentado é que no meio de tantas fotos de nudez, que parecem já não escandalizar, crianças semidespidas são apenas a imagem da inocência plasmada. Que a perversidade está nos olhos de quem as vê. Portanto, os pais sabem que as fotos podem ser vistas por quem as observa com inocência e por outros que não o fazem. Que podem ser inclusivamente guardadas e usadas em sites terríveis.
Mais, esquecem aqui um factor importante. As crianças não têm noção da exposição a que estão a ser sujeitas.
Já li diversos testemunhos de adultos que afirmam não gostarem, mesmo nada, da ideia de terem fotos suas, de crianças, partilhadas na internet. Eu também não gostava.
Na essência, este debate confronta duas questões: a devassa da privacidade de alguém desprotegido, e falta de respeito. E o mais triste da questão é que ambos são consequencia de actos de quem deveria proteger as crianças acima de tudo.
Este caso, partindo desta foto, é uma metáfora eficaz que ilustra bem a postura de muitas mães-bloggers, cujo olhar está focado apenas no seu umbigo. Deveriam levantar a cabeça e ver um pouco mais longe, pois a vida real está lá fora. Deveriam desfrutar mais do que a vida oferece, sem necessitarem de lentes para o fazerem. Até porque um dia poderão vir a ter que prestar contas aos filhos.