quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Vinho


Passamos uma vida inteira a tentar encontrar as palavras certas para descrever uma situação, um local, um sentimento, uma pessoa, sem sucesso. E de repente, encontramos aquilo perfeitamente grafado por outra pessoa, como se ela o vivesse ou sentisse também.  É mais do que o domínio da palavra; é como se por artes mágicas, aquela pessoa tivesse entrado na essência, daquilo que nós não somos capazes.
Isto a propósito do vinho que o meu pai produzia, para consumo particular, quando eu tento descrever como era bom, e como deixava o palato encantado de quem o bebia pela primeira vez: 
“O que mais aprecio são pequenas colheitas particulares, vinhos muito puros, leves e modestos, sem nomes especiais; podem beber-se fácil e inofensivamente em grande quantidade, e têm um sabor doce e agradável a campo e a terra, a céu e a bosque. “

In O lobo das Estepes, Hermann Hess