Conversando com uma mãe, a propósito do talento da filha, cujo trabalho vi no Instagram, responde-me sorrindo tristemente "Pois é, mas tem tantas inseguranças, duvida tanto dela própria!". Eu respondi que essa forma de ser parecia, infelizmente, ter-se espalhado por essa geração, e que muitos atribuíam à influencia das redes sociais, e influencers; a irmã mais velha, ao lado, concordou, acrescentando que por isso tinha deixado de seguir todas essas pessoas.
Ver corpos perfeitos e fortes, belos como se fossem deuses, continuamente a mudarem de roupas, clientes de marcas de luxo, constantemente a viajarem, mostrando paisagens paradísicas, lanchas, restaurantes renomados, onde a comida parece mais arte do que alimento, e onde estas páginas são continuamente feitas nesta linha, desenvolve em quem vê descontrolada vontade frustrada de ser e ter, de uma forma a que outras gerações não foram expostas.
Estas pessoas, que fazem páginas superficiais, fúteis, de consumismo exacerbado, são responsáveis por se exporem de forma impúdica, creio que é de um narcisismo e exibicionismo doentio. E desonestas, também, pois a vida não tem apenas esse lado maravilhoso, não é perfeita. Como disse alguém que ouvi estes dias " A culpa da inveja é também daqueles que impudicamente se expõem".
Um estudo de Harvard concluía que a felicidade depende da forma como nos relacionamos com os outros, ora esta relação influencer-seguidor é desequilibrada, e em nada salutar.
A clareza da irmã mais velha, ao compreender que seguir aquelas pessoas não lhe trazia nada de bom, e se afastar, como nos afastamos de qualquer pessoa negativa que conhecemos pessoalmente, é louvável. Porém, nem todos têm essa coragem, preferindo permanecer nesse jogo sado-masoquista, reféns de vícios alheios, vivendo na sombra do que poderiam ser.
Acredito que tudo isto também contribui para a falta de saúde mental, que entre os jovens é deveras preocupante. A vida seria muito mais feliz, sobretudo nessa idade em que tudo está em aberto e o futuro não tem limites, se não existissem essas condicionantes, promovidas pelas redes sociais. A vida é um jogo constante de procura pelo equilíbrio.
Vale a pena ouvir este vídeo, sobre este tema e outros muito interessantes.