segunda-feira, 23 de abril de 2007

A tirania dos best-seller


Tenho reparado que cada vez mais os livros que estão nos escaparates das livrarias são escritos por figuras públicas, completamente fora da área literária; Actores, apresentadores de televisão, jogadores de futebol, políticos, etc, e depois os filhos destes, os netos, os sobrinhos, etc. De repente, as listas dos livros mais vendidos estão cheios destes exemplares, que eu sinceramente não posso criticar ou desaprovar, porque não os leio. As editoras visam o lucro, como qualquer outra actividade comercial, portanto dão ao leitor o que ele quer. Tal qual como a televisão, que não cessa de baixar a qualidade para captar mais audiências. Para mais, as taxas de leitores são sempre incrivelmente baixas, portanto, compreendo que as editoras queiram potenciar o mercado. No entanto, não deixo de lamentar que a estratégia económica implique a baixa de qualidade e que as editoras prefiram nomes conhecidos do público em detrimento de desconhecidos. Felizmente, Camões, Eça de Queirós, Fernando Pessoa, Miguel Torga e tantos outros, não viveram na época do Big Brother, caso contrário, as suas obras jamais veriam a luz do dia e jamais iluminariam as mentes de tantos leitores.
Portanto, quando entro numa livraria e pego num livro, e se algures encontro anunciado que o livro é um best-seller em todo o mundo, volto a pousá-lo imediatamente. Também não leio escritores de best-sellers sucessivos; desmotiva-me a leitura.
No entanto, como em tudo, há excepções; e este é o caso do livro” para crianças (mesmo já crescidas) ”, “Pipas de Massa”, escrito por Madonna e ilustrado pelo pintor português Rui Paes.É uma belíssima história que transmite valores muito profundos, certamente inspirados pela cabala, acompanhada por admiráveis ilustrações de inspiração barroca. Para ler e reler. Para comprar e guardar. Para oferecer a pequenas mentes que necessitam de sementes boas que as ajudem a crescer. Para oferecer a mentes maiores, porque sim.