segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Uma PSP?! Ainda não, filhos!


A festa de Natal é aguardada por toda a família com ansiedade; adultos que desejam encontrar familiares, crianças que desejam brincar com os primos, adultos que querem conversar com os filhos dos outros adultos, sobrinhos e netos, e estes que anseiam rever adultos que lhes são caros.
Neste Natal constatei que este convívio entre gerações está ameaçado; mais alguém viu? Vi como uma criança estava presa à X-Box, enquanto outra não desgrudava da PSP e outra não desligava do Nintendo DS. Enquanto isso, os meus filhos deambulavam frustrados pela sala, sem primos para brincar. Eles queriam fazer as brincadeiras de sempre, brincar com Lego, com comidinhas de plástico, com animais, mas isso era demasiado real para meninos que já dependem das brincadeiras virtuais.

Uma amiga contou-me que foi passar o Natal a casa dos cunhados e que os sobrinhos e o seu próprio filho (crianças entre 8 e 12 anos) só eram vistos pela família à hora das refeições. O resto do tempo refugiavam-se no quarto de um deles e quando alguém lá ia, o silêncio era absoluto, cada um agarrado à sua máquina.

As crianças recebem PSP’s como presente de Natal e desdenham todos os outros presentes, no entanto quando se fartam atiram com as máquinas para o cesto dos brinquedos até à próxima vez. Não fazem ideia de quanto custam estes jogos pois recebem-nos com a maior das facilidades, portanto, nem ao cuidado de os preservarem se dão.
Claro que, após o Natal a frase que mais ouvi dos meus filhos foi: - Eu quero uma PSP! Mãe, dás-me uma PSP?
Eu sei que o dia dos meus filhos terem uma PSP há-de chegar. Mas juro que hei-de retardar a chegada desse dia o mais possível! Não quero criar alienados, contudo, também não quero criar seres humanos que aderem às modas só porque sim! Só porque o outro também tem. Quero criar os meus filhos com espírito crítico, com capacidade de discernir o que querem, daquilo que os outros querem. Que digam SIM ou Não em consciência, e tenham força, se necessário, para se oporem ao grupo. Não quero criar “carneirinhos” que vão levados pelo rebanho sem saber para onde. Prefiro criar seres capazes de remar contra a maré. Capazes de voar com as próprias asas. Enquanto isso, eu e o pai damos o exemplo, remando também contra a maré ao dizer aos nossos filhos: - Uma PSP, ainda não, filhos!