Quem tem crianças sabe como a noção de “dinheiro”, para elas, é abstracta. Recordo divertida como os meus filhos recusavam trocar um punhado de moedas de cêntimos por uma moeda de 2 euros! Certa vez levei as moedas da Letícia para trocar na mercearia por uma nota, pensando que ela ficasse contente e só a deixei tristíssima!
Bom, a partir de determinada altura compreenderam que as moedas escuras pouco valiam, e que as notas eram as mais valiosas. O tempo encarregou-se de os fazer entender. No entanto, aprender a lidar com o dinheiro já depende dos pais. A noção de “caro” e “barato” é relativa; o que para mim pode ser caro, para outra mãe poderá ser barato ou vice-versa.
As crianças sabem que têm contas no Banco, constituídas pelo dinheiro que receberam à nascença, que será utilizado quando forem maiores de idade. Porém, desde muito pequeninos que têm mealheiros, onde guardam a mesada da avó e dinheiro que os familiares lhes vão oferecendo pelo aniversário e Natal e fazem a gestão desse dinheiro, com a nossa orientação. Quando vamos de férias eles levam sempre uma quantia para gastarem naquilo que lhes interessar. E quando querem comprar algo que nós, pais, não concordamos por qualquer razão, também podem, eventualmente, utilizar o dinheiro do mealheiro. Nessa gestão eles vão compreendendo o dinheiro que sai, o que entra, o que fica e fazem comentários preocupados ou alegres sobre o assunto. A Letícia já disse: “Eu tenho mais dinheiro do que o Duarte porque não o gasto e ele gasta”. Noção de economia adquirida com sucesso!
Há cerca de 2 semanas a Letícia quis comprar a merenda na escola; comecei por lhe dar o dinheiro certo e depois um pouco a mais. As contas que ela me apresentava ao fim do dia, de quanto tinha custado e do troco que tinha recebido, bateram sempre certo. Foi com muita satisfação que constatei a responsabilidade dela e noção adquirida de custo e troco, às custas da matemática. Novamente vi que o tempo ajuda nestas aquisições de conhecimentos.
Os nossos pequenos têm um projecto em comum; querem comprar uma PlayStation e como nós, pais, fomos muito relutantes (ok, ainda somos, mas estamos a condescender) eles tomaram a iniciativa de economizar o dinheiro necessário para a compra. De uma só assentada eles vão aprender 3 lições:
1º Paciência; estão a economizar há mais de um ano e certamente quando o momento chegar vão saber valorizar muito mais do que se o desejo tivesse sido satisfeito sem espera.
2º Economia; para comprar tiveram que economizar o dinheiro deles.
3º Valor do dinheiro: a Playstation custa o equivalente a um ordenado mínimo, portanto equivale a um mês de trabalho da maior parte dos trabalhadores. Isto, eles já sabem. E vão saber também que não foi fácil amealhar essa quantia!
O ditado popular diz:” De pequenino se torce o pepino”, portanto na educação da criança também faz parte a questão do dinheiro.
Texto integrante da blogagem colectiva, promovida por Cybele Meyer. Clique aqui e leia mais artigos sobre o assunto.
Tenha uma óptima semana!