segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Fé na República? Ainda?

Há homicídios que são especiais; são tão graves e chocantes que têm até uma designação diferenciada: matricídio, parricídio, fratricídio….e regicídio. O assassinato do rei está na mesma linha dos crimes contra-natura.

Há episódios da História de Portugal de que eu não gosto mesmo nada, e esse do assassinato do rei D.Carlos e do filho, o príncipe herdeiro Luís Filipe, é um deles. Sem saber exactamente porquê sempre me senti um pouco envergonhada com esse acontecimento. Embora não possa ser responsabilizada, sentia-me conivente; talvez por aceitar viver num regime republicano sem contestar.

Dizem que somos um povo de brandos costumes, no entanto, nessa passagem da Monarquia para a República, não se viu brandura alguma. Foi violento, cruel e desnecessário.

Há dias, quando eu sugeri a uma pessoa que ia participar numa corrida em homenagem à República, que vestisse uma t-shirt azul, ela perguntou-me se eu sou monárquica.
- Já fui menos. Respondi.

A minha fé neste sistema político tem sido constantemente abalada. O que falta em competência e honestidade, abunda em oportunismo e má-fé, de tal forma que os poucos políticos decentes se afastaram da cena política, enojados e frustrados.

Os reis foram acusados de viverem faustosamente e afastados, porém os palácios, construídos por eles, monumentos históricos que nos orgulham, são hoje habitados pelos políticos republicanos. E estes, o que constroem? Mamarrachos! Vejam lá se o Presidente Cavaco Silva foi viver para o Centro Cultural de Belém!

Se na história da Europa tivessem existido Repúblicas desde sempre, este Continente seria feio, pobre e sem história. As monarquias privilegiaram o belo, e ao longo dos tempos, os reis foram mecenas dos artistas que ficaram na História, imortalizados nas suas próprias obras. Quantos não se teriam perdido, numa Republica?!

As monarquias na Europa funcionam muito bem, todos sabemos disso. As famílias reais souberam actualizar-se e integrarem-se num novo modelo de sociedade. E acredito, que devido à continuidade, na representação dos seus papéis, os países onde reinam são mais beneficiados.

O Rei D.Carlos teve uma educação primorosa, como seria de esperar, preparando-o para ser rei. Foi um homem de diversos e conceituados talentos; culto, falava fluentemente francês e inglês, pintava com maestria, interessava-se pela ciência sendo inclusivamente reconhecido internacionalmente; desportista sem-par, fez de resto imenso pelo desporto em Portugal.

“ Nunca esqueci, um instante sequer, quais são os meus deveres para com a minha coroa e para o meu querido país”. Rei D.Carlos

Foi o último governante português a pensar assim. Depois dele, vieram os que só pensam neles próprios. E nas famílias. E nos amigos, claro!

Por tudo isso, meus caros leitores,  amanhã não festejarei o regicídio que é mesmo que festejar a implantação da república. Tal como não festejo a injustiça!

Quem sentir que o momento é de festa, que a cena política nacional merece festejos e risos, faça o favor!


Até breve!