segunda-feira, 9 de março de 2015

Por que me tornei Vegetariana?

Na verdade era uma coisa de infância. Recordo-me perfeitamente de ser criança e me recusar a comer um bife, por saber que vinha das vacas; argumentei que tinham olhos tristes, como se adivinhassem que seriam abatidas. Claro que os meus pais foram surdos ao meu discurso, e me obrigaram a comer. 
E assim, acabei por sucumbir a um tipo de alimentação que de alguma forma nunca me foi natural. Exemplo disso era o meu esforço para entrar em talhos, e tratar das carnes para cozinhar. Tive sempre que abstrair-me do que fazia nessas ocasiões. Fiz sempre um esforço enorme, e senti sempre uma certa "repugnância".

Porém, a minha família é bastante avessa ao vegetarianismo, e o máximo que consegui  alterar na nossa dieta, foi introduzir duas refeições vegetarianas por semana. A minha filha, que desde pequenina se comporta como eu, perante a carne, foi a maior entusiasta desta novidade. Combinamos que um dia seríamos as duas vegetarianas. Entretanto, eu não pude esperar. Num clique, apercebi-me de que o meu contexto não mudaria, se eu tivesse que aguardar por condições alheias a mim; apenas eu poderia mudar. E de uma refeição para outra, tornei-me vegetariana.

Perguntam-me agora, constantemente, o que me levou a mudar de alimentação. Alguns, já conhecedores do documentário Cowspiracy, também concordam que é incomportável para o planeta que as pessoas continuem a consumir carne nas quantidades actuais. Porém, acreditam que basta consumir menos. Muitos, reforçam dizendo que necessitamos da proteína animal; ignoram, todavia, que há imensas alternativas vegetais para suprir essa necessidade.

Para mim, a questão do Vegetarianismo faz sentido porque se baseia em 3 pontos extremamente importantes.

1º Não quero que a minha alimentação seja feita às custas de violência contra seres vivos, seja durante a criação desses animais, seja no abate. 

2º Considero a forma como os animais são criados, muito artificial, e nociva ( senão letal) à nossa saúde.   

3º A criação de animais para consumo provoca um desgaste dos nossos recursos naturais, que está a destruir o nosso planeta. 

Há diversos estudos que fundamentam, e provam, o sentimento de dor e perda na forma como os animais são tratados. Nós precisamos de sentir compaixão por outros seres, e aceitar que eles sofrem com o nosso estilo de vida. 
Para isso, necessitamos informar-nos. Não tem de ser assim, pois temos outra alternativa. Apesar de ter nascido no campo, só há poucos anos soube que as vacas não davam leite naturalmente, mas apenas quando tinham filhotes. Com certeza, os agricultores meus vizinhos não lhes retiravam os vitelos 2 dias após o parto, nem as inseminavam artificialmente para manter as vacas em ordenha permanente. Porém, na indústria dos latícinios a natureza é enganada com medicação, e químicos, que passarão para o leite que havemos de consumir. 

Fala-se tanto em cozinhar com amor, que é esse o têmpero inprescíndível para confeccionar pratos saborosos, e no entanto esquecemos que estamos a cozinhar sofrimento.

Recentemente, li um texto de uma mãe vegana que me convulsionou imenso. Interrogava-se ela: "como é que se pode ter um gesto de amor quando estamos a dar sangue, morte e violência aos nossos filhos?"

Não pretento convencer ninguém. Reconheço que a convicção tem de vir de nós mesmos, é uma questão de consciência, e cada um de nós tem o seu tempo. Se a motivação nos for alheia, à menor tentação resvalamos para o ponto de partida.

Sei que cozinho agora com alegria. Dei comigo a cantarolar enquanto preparava as minhas primeiras refeições vegetarianas. E também devo cozinhar com amor, pois a comida resulta inacreditávelmente deliciosa! Testei este fim-de-semana, num jantar de família, e até mesmo os mais reaccionários gostaram e repetiram.


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