terça-feira, 7 de abril de 2015

Entre Menires e Cromeleques


Cromeleque de Almendres,

Gosto de determinadas palavras apenas pela sonoridade. Como de outras não gosto mesmo nada, pela mesma razão. De menir e cromeleque, gosto imenso. Do ano passado para cá, comecei a sentir-me fascinada pelo que representam, para além da palavra, quando até aí não lhes tinha reservado qualquer interesse. 

Cromeleque de Almendres, alinhamento que faz lembrar Carnac


Portanto, destas férias de Páscoa, do que vimos e visitamos, os menires e cromeleques, no Alentejo, foram os meus grandes favoritos. Nunca tinha visto nenhum, e por isso foi bastante especial contemplá-los in loco.

Cromeleque de Xarez de Baixo, 50 monólitos em redor de um menir de 4 m de altura
Diz o Guia Michelin, e por vezes a informação junto destes monumentos, que são obra de comunidades agro-pastoris, e que o objectivo seria render homenagem aos mortos, e assinalar simbolicamente a sua pertença àquele local. Com certeza sabe-se quase nada, podemos apenas especular. Sente-se, no entanto, uma certa magia nestes locais, que me fez acreditar que talvez fosse realmente ali que o homem neolítico se ligava ao divino, como mais tarde o fez nas catedrais, e hoje nas igrejas. 

Menir de Almendres,
Quando penetramos na clareira onde se situava o Menir de Almendres, as várias pessoas que lá se encontravam estavam sentadas em seu redor, observando aquela pedra de 2,50m silenciosamente. O respeito era quase palpável, e por muito pagão que possa parecer, o momento foi religioso. 

Anta do Olival

O objectivo das Antas é menos misterioso, uma vez que as provas aí encontradas demonstram claramente que serviam para enterrar os mortos. Esta do Olival continha cerca de 130 corpos, com algumas das suas pertenças. 

A região de Évora é rica em megalitos, datados de 4000 a 2000 AC. Em redor de Monsaraz encontram-se inúmeros menires e dólmens, cerca de 150 considerados de interesse arqueológico. São fáceis de encontrar, pois vão sendo assinalados ao longo da estrada. Os de Almendres são mais distantes, em plena serra, e para chegar até eles a estrada de terra batida é a única via. Porém, para minha estranheza, o caminho não tem nada de solitário, os visitantes de várias nacionalidades cruzam-se constantemente. O fascínio por estes monumentos antigos e misteriosos é mais comum do que inicialmente pensei. 

Os meus filhos não ficaram propriamente fascinados com os menires e os cromeleques, apesar de os terem estudado em História. A utilidade que lhes viam era lúdica, escondendo-se entre eles com os primos. Mas nem todas as crianças são assim; em Almendres, um menino aparentando 9 anos, declarou impressionado: - Que sítio de pedras fixe! É o mais fixe que já vi! 
E eu senti um pouquinho de inveja daquela mãe. Pouquinho, porque a inveja é feia, mas eu sou humana! 
Enfim, filhos arqueólogos não terei, mas acredito que um dia todas estas visitas darão fruto de alguma forma.