quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Há algo de belo no Reino da Dinamarca

Pequena Sereia -Inspirada no conto de Hans Christian Andersen
Tinha grandes expectativas para a Dinamarca, sobretudo para Copenhaga, que seria o nosso destino final. Basta ler a apresentação na Wikipédia, para entender porquê - aqui. Pois bem, não me senti de todo defraudada, apesar de isso já me ter acontecido antes. A Dinamarca é um pais belíssimo ( visto do ar fez-me lembrar imediatamente a Holanda, até aí o meu pais europeu preferido); seguro, limpo, organizado, cuidado, pontual, correcto. Não há sinais de pobreza, a ausência de sem-abrigos e mendicidade ( vi apenas duas jovens mulheres aparentando ser romenas), fazem-me crer que o estado social de facto funciona. 
Já me tinha desabituado a fazer conversões de moeda, o uso do euro é realmente prático, mas aqui circula a coroa dinamarquesa, salvo raríssimas excepções. O pais, como todos me diziam, é caro; um postal custa 1€, um íman 5, ( as únicas lembranças que compro habitualmente) e nunca paguei essas quantias em nenhum outro país. A alimentação igualmente, mesmo comprando no supermercado, por exemplo uma embalagem de pão custa cerca de 3.60€ no Irma.
Por outro lado, as crianças não pagam bilhete de autocarro até aos 12 anos e enquanto em Portugal, há locais onde os bilhetes-família deixam de ser aplicados a partir dos 12 anos dos filhos ( não é um absurdo?), ou apresentam descontos quase nulos, na Dinamarca um casal que leve os filhos aos museus não só não paga pelos filhos, como obtém ainda um desconto simpático nos seus próprios bilhetes. Isto sim, é não somente política de família, é promoção da cultura!


A língua é de difícil pronunciação( próxima do sueco e norueguês).  Por vezes, captava o significado de alguma expressão por ser semelhante ao alemão ou inglês; ainda tentamos pronunciar uma ou outra palavra, mas quando um motorista de autocarro também se atrapalhou a pronunciar qualquer coisa como " Emdrupvej", deixamo-nos de ser convencidos! Mas é muito giro de se ouvir; ouçam só esta.
Toda a gente fala inglês, e por duas vezes até encontramos dinamarqueses que falavam português! Na fila de um museu a senhora da frente virou-se para nos dar uma informação sobre a qual eu e o meu marido conversávamos, e noutro museu um dos funcionários disse à Letícia para ver um quadro de determinada posição, e como mudava de rosto. Foi totalmente inesperado. E simpático.

Câmara de Copenhaga. Torre do Parlamento dinamarquês. Museu Nacional. Amalienborg. Igreja Frederich.
Como habitualmente, a Letícia organizou o top10 Copenhaga, que retirou do youtube, e como coincidia com o Michelin, conferimo-los todos, com excepção para o Tivoli. Inicialmente a Letícia queria muito lá ir, é o parque de diversões mais antigo do mundo, que inspirou a Disney e tal, mas a mim não me interessava nada, portanto fomos adiando, até que no último dia ela própria desistiu; certamente já estava cansada demais, porque o nosso ritmo é muito puxado. Mas claro, passar pelo Hard Rock café, apreciar as relíquias de algumas estrelas, sobretudo a guitarra de Kurt Cobain, era algo que não podia falhar, por ela. E lá teve que comprar aquela t-shirt mixuruca ( que a Letícia não me leia!), que não vale um décimo do que custou, mas enfim... gostos. E idades. Assim como comer um bolinho na melhor pastelaria da capital, a Andersen Bakery, foi gosto que lhe satisfizemos de bom grado, mas que para nós era dispensável. 

Parada da infantaria - Erik Henningsen
De tudo o que visitamos destaco o Statens museum for Kunst ( museu de belas artes), que adivinhava já como um dos pontos altos, por ser aparentado com os museus de belas artes flamengos, tanto do meu gosto. Descobri assim os pintores dinamarqueses, que não são inferiores em nada, aos maiores da Europa.  
O Rosenborg slot, é um pequeno castelo mas soberbo em decorações acumuladas ao longo de quatro séculos, espólio e acervo como as jóias de coroa.
O Amalienborg é construído em circulo por quatro núcleos, e habitado actualmente pela família real; a família herdeira habita-o todo o ano, a rainha Margarida apenas no Inverno, e a princesa Benedicte também parte do ano. Aqui descobrimos algo muito peculiar, a existência da ordem do Elefante Branco. Isto levou-nos a especular bastante, inclusivamente com uma funcionária do castelo. Isso fica para outro post, pois é assunto que merece destaque por si próprio.  
A surpreendente Christiania é uma zona "livre", construída nos anos 70, que pretende ser muito mais do que um local onde se vive; é um modo de vida, um estilo alternativo. Entrar ali é percorrer um túnel do tempo até à época do "peace & love"; é algo caótico, artístico, ecológico, com feirinhas de roupa e bijutaria, mas também de haxixe, onde os vendedores tapam o rosto com gorros ( como se fossem assaltantes), mas se mostram legalmente descontraídos. É proibido fotografar, nem sequer é conveniente exibir máquinas fotográficas ou telemóveis. Existe um código de conduta, e convém respeitá-lo, pois aquelas pessoas não são para brincadeiras. Não mesmo. 
O jardim Botânico, pelo verde, beleza e diversidade botânica. E porque mesmo na cidade é fundamental para mim entrar num recanto natural e recuperar o fôlego.

 
Tivoli. Pastelaria  Andersen. Assembleia nacional. Museu Ny Carlsberg. Castelo Christianborg. Statens museum for Kunst.

E na segunda feira, aproveitando o dia em que os monumentos estão fechados, demos um salto à Suécia. Foi mesmo um pulo, de comboio de Copenhaga para Malmo, através da ponte Oresund, são 35 minutos. Passeamo-nos por Stortorget, a praça principal com a estátua de Gustavo X, que data de 1530, rodeada de belíssimas casas antigas, por Gamla Vaster e as suas casas coloridas de rés-de-chão; visitamos a igreja de S.Pedro, e o castelo Malmohus, com os seus 4 museus incluídos, que por sorte está aberto ao público à segunda-feira.
Dicas aqui 


Malmo - Suécia
Tivemos uma sorte extraordinária com o tempo, a temperatura manteve-se à volta dos 25º, ainda mais porque na semana anterior tinha chovido, e no dia seguinte à nossa partida também choveria. Portanto, a parka não saiu da mala!

Tenho duas categorias de países, os "está visto", e os "quero voltar", a Dinamarca pertence ao segundo grupo; exceptuando os rigores de Inverno não consigo lembrar-me ( ou descobrir) de nada que nela me desagrade.