quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Moda - a grande poluidora

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Já notaram que nos filmes do futuro as pessoas estão sempre vestidas de igual? Ou então, vestem uns fatos que parecem de plástico ou de qualquer outra matéria artificial? Não é ficção, é projecção. É uma ideia que, à partida, rejeitamos com repulsa mas receio que não tenhamos outra solução e consequência; estamos num ponto em que exageramos no consumo, e a balança há-de procurar o equilíbrio, passando por um período de carência.

Constantemente saem notícias sobre as alterações climáticas, os desequilíbrios atmosféricos, os recursos naturais que se esgotam, espécies animais que se extinguem (e muitas outras ameaçadas), a poluição, as doenças causadas por ela, enfim, a própria sobrevivência da humanidade está em causa, se continuarmos a viver da forma que temos feito.

Sabemos que a indústria do petróleo é a primeira poluidora, que a industria agro-pecuária também ( é preciso mais de 15 mil litros de água para cada quilo de carne), mas não se fala da industria da moda, que segue imediatamente em segundo lugar depois do petróleo. Para fabricar umas calças são necessários 8.000 litros de água, e para uma t-shirt 2.500, o que é absolutamente espantoso dado o  número incalculável de peças de roupa, fabricadas em todo o mundo. 

Nunca como antes a moda foi tão barata, nunca como antes o apelo ao consumo foi tão grande, de forma que comprar roupa que não se precisa, se tornou banal. Pois não podemos, não devemos. E a própria industria o reconhece, por isso tem investido em formas de reciclar roupa, utilizando a devolvida pelos clientes, utilizando materiais recicláveis, e promovendo até a moda vintage
Embora eu me ponha à parte, porque para mim há décadas que é normal, sempre que pude adquiri em segunda mão (normalmente no estrangeiro, cá praticamente não existia), para a minha geração comprar roupa "usada" era absolutamente impensável. Portanto, é com grande satisfação que vejo as gerações mais novas, alheias a esse preconceito. Estive na semana passada no Porto, e percorri algumas lojas Vintage, com a minha filha, levando ela própria uma lista com as ruas onde as poderíamos encontrar.  A Letícia habituou-se comigo a fazer compras nestas lojas, portanto nada invulgar, mas a minha surpresa foi encontrar estas lojas cheias de jovens clientes, investidos na procura do artigo certo, algo bonito e único. E isso deu-me um pouco mais de esperança acerca do futuro.

As montras das lojas estão, novamente, expondo as colecções da Estação; tentações em formas e cores, do que não precisamos mas que desejamos, para renovar o guarda-roupa, para variar, para compensar um dia menos bom, uma satisfação momentânea. O clima deu a reviravolta que o justifica, mas a situação planetária, não. 
O consumo exacerbado é anti-ambiental, e é esse mantra que devemos repetir para nós mesmos, quando pensarmos em comprar algo que não necessitamos. É mais fácil falar do que fazer, portanto reconheço que já não há tempo para nos mentalizarmos gradualmente, mas se todos condescendermos um pouco que seja, no cômputo geral o impacto será massivo.