terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Moda ética

Veja

A matéria prima da roupa foi sempre muito importante para mim, muito mais do que as marcas; basicamente o algodão e linho no Verão, e a lã no Inverno. Ocasionalmente, a seda também me cativava, e a pele no calçado e carteiras, sempre. São materiais naturalmente frescos ou quentes, e com o bom aspecto que supera os restantes. Portanto, apesar da minha compaixão pelos animais nunca me tinha detido a pensar na proveniência da lã e das peles, em como tinham sido obtidas, e o que efectivamente eram. Ao tornar-me vegetariana fiquei mais receptiva a esta questão e as informações começaram a "surgir-me", como por exemplo, sobre a produção da seda (aqui). Nunca me tinha ocorrido que a seda resultava na morte da sua lagarta; a um nível inconsciente, sem nunca formular mentalmente o processo, entendia que a produção do fio de seda se fazia pela boca do bichinho sem prejuízo para a criatura. Ignorância que dá jeito, confesso. Porém, não, a seda resulta do casulo que a lagarta tece em sua volta, sendo os casulos metidos em água a ferver, e obviamente os bichinhos mortos. Nunca mais consegui vestir nenhuma peça de seda.
Quanto à lã, que sabia não resultar na morte das ovelhas, sinceramente deixei rolar. Gosto tanto das minhas camisolas e casacos! Mas entretanto, eis que me surgem informações sobre o tratamento dos animais, aquando da tosquia; não é bonito, são tratados como objectos, manuseados com agressividade e atirados brutalmente para o lado, após cada tosquia. Ficam cortados, magoados, assustados e traumatizados. 
Relativamente ao calçado e carteiras, é bom de ver que resultam de animais mortos. Quanto a isto não tenho escapatória que me isente. Portanto, este ano tomei a decisão de optar por comprar modelos vegan, e assim tenho feito. Tive o cuidado de pesquisar marcas aprovadas pela Peta, porque há produtos sintéticos que incluem no seu tratamento produtos de origem animal, como tintas por exemplo. 

O aspecto dos materiais é diferente daquele a que estamos habituados, sem dúvida, estou agora a adaptar-me a outro visual e toque, mas embora diferentes nota-se que são de boa qualidade, houve empenho em produzir um artigo bem feito, e mais e melhor, não são provenientes da exploração, sofrimento e morte animal!

LaBante London

Para o fabrico da minha carteira foram reutilizadas cerca de 30 garrafas de plástico. E para as minhas sapatilhas foi utilizado algodão orgânico, e a borracha comprada aos seringueiros da Amazônia, dentro das regras do comércio justo. 

Vi recentemente que já há uma alternativa à seda, resultado da casca de laranja. O futuro há-de trazer-nos matérias sintéticas cada vez melhores, tanto pela sua proveniência como pela sua aparência e acredito que tudo o que resulta de processos causadores de sofrimento a seres sencientes será abolido. Cada vez mais marcas anunciam que deixam o uso de peles naturais ou testes em animais. É uma questão de consciência e tempo, e se o primeiro se antecipar massivamente ao segundo, é apenas uma questão de escolha pessoal. Viver eticamente faz todo a diferença para uma vida feliz.  


Mais informação: 

Seda vegana 

Páre a tosquia horrível das ovelhas e carneiros

Peta - produção de lã