terça-feira, 29 de outubro de 2019

Dica de leitura - A confissão da Leoa

 
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Este livro foi escolhido por mim, para o Duarte ler no 11º ano, dentre a numerosa lista do PNL. Como nunca tinha lido nada do Mia Couto, pareceu-me boa ideia, que ele lesse algo de um autor estrangeiro que escrevesse na nossa língua. O mesmo se aplicava a mim. O Duarte leu-o quase imediatamente a uma ritmo razoável, e para meu espanto, gostou! Entretanto, fui adiando a leitura até agora. 

Em resumo, os leões atacam uma aldeia esquecida pelo governo e por Deus, e um político local trata de arranjar um caçador, o último caçador, para resolver o assunto. Nessa aldeia, vive Mariamar, uma mulher com uma vida muito complexa, embora à partida nada o prenunciasse. Os dois estão ligados, e pelo diário de um e do outro, vamos acompanhando a história. 
O pano de fundo é a caça à leoa, mas na linha da frente deparamo-nos com as histórias dramáticas das várias mulheres da aldeia, reflectindo a sua posição na cultura africana patriarcal, sendo, declaradamente, inferiorizadas, dominadas e brutalizadas pelos homens.  

Dizem que quem viveu em África nunca a esquece, ficam eternamente enfeitiçados por ela, mas uma coisa que nunca perguntei a essas pessoas é se a compreendem. Porque eu tenho grande dificuldade em compreender aquilo tudo; é tão... diferente da nossa forma de pensar, viver, fazer as coisas, e sentir até! Parece-me um outro universo, que me deixa perplexa e em simultâneo amedrontada. É desconfortável. E algo mágico. 

A escrita de Mia Couto está alinhada com a história e a forma de ser africana. Igualmente diferente dos escritores nativos portugueses e até brasileiros. Por vezes, senti que tinha um pé na Europa outra em África. É estranho, mas talvez se entranhe, ainda não sei. Acho que vou precisar de mais. 

Título: A confissão da leoa
Autor: Mia Couto
Editora: Caminho
Nr. de págs : 270