terça-feira, 2 de março de 2021

Dica de Leitura: Marquesa de Alorna

Via Wook
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Andava para ler este livro há uns 5 ou 6 anos, mas ia adiando por dar primazia a uns e outros, e fiz mal. E porquê, porque agora estou numa fase em que este já não é propriamente o tipo de leitura que me enche as medidas. E porém, tem aquilo que habitualmente gosto, uma personagem feminina, real, História, enfim, uma biografia histórica. E logo de uma família portuguesa, que sempre me fascinou, os Távora, que pelo papel trágico deixado nas páginas dos manuais escolares povoa um pouco o imaginário de todos nós. 

Há determinadas pessoas que parecem viver diversas vidas dentro de uma, ao contrário dos comuns mortais, foi o caso de Leonor de Almeida, condessa d’Oeynhausen e Marquesa de Alorna; nascida pouco antes da perseguição do Marquês de Pombal à sua família, mas com idade para compreender a tragédia que se abatia sobre si e os seus, foi apesar de inocente, também vítima do ódio deste ministro, tendo sido posta em cativeiro, no convento de Chelas, com a mãe e irmãs.

Apesar de ter nascido no séc. XVIII, teve uma educação esmerada e o seu amor pelas Artes, mais exactamente pelas letras, fez dela uma autora e tradutora afamada, e altamente considerada pelos seus pares. Frequentou as tertúlias mais conceituadas, onde os intelectuais e artistas da época acorriam, e onde participando eram sempre aclamada. 

Foi uma mulher dona do seu nariz, e destino. Após o casamento, viajou pela Europa e viveu em  Paris, Viena, Avignon, Marselha, Madrid e Londres. Privou com a elite aristocrata, intelectual e política europeia. Imiscuiu-se na política do reino, e influenciou os poderosos. Até ao fim foi uma mulher activa e obstinada, quando aquilo em que acreditava lhe merecia a pena, sendo diversas as causas que a apaixonavam e defendia.

A mim espantou-me que nem a educação, nem a família, nem o meio a tivessem condicionado para ser aquilo que não queria ou que esperavam dela; talvez o prolongado cativeiro no convento a tenha moldado de forma contrária, e gravado na sua alma o valor que mais querido lhe era - a liberdade. 

Título: Marquesa de Alorna

Autora: Maria João Lopo de Carvalho

Nr de pág.688

Editor: Oficina do Livro