Dizem por aí que só morremos realmente quando já ninguém se lembrar de nós. Faz sentido.
Todas as vezes que morre alguém que conheceu o meu pai fico um pouco triste, sinto que ele morre mais um bocadinho. No caso, um senhor que trabalhou na fábrica da minha família, e cujo pai também lá trabalhou antes. Contou-me coisas que eu não sabia, como por exemplo, antes do Natal o meu avô oferecia um lanche aos trabalhadores, e ele sabendo disso pelo pai, e sendo criança ainda, aparecia por lá e deixavam-no entrar. " A mesa tinha coisas que nós não comíamos habitualmente", disse-me ele.
Que me chamavam "a menina da fábrica", porque eu andava sempre por lá. Tinha ideia que ia muito para o escritório, com o meu pai, mas ele ter-me contado isto fez-me compreender que eu teria andado mesmo muito por ali.
E contou-me outras coisas, sobre o meu pai, que me aqueceram o coração.
Pode ser que se encontrem, novamente, noutra dimensão mais feliz e pacífica.
Até sempre, Sr.G.