quarta-feira, 29 de outubro de 2025

O Estado do Ensino

Das experiencias mais impactantes que tive na Escola, quando comecei a ler Poesia foi ter a minha percepção do que lia invalidada pela parte dos professores. Senti-me incrédula, e não compreendia como a minha interpretação poderia estar incorrecta. Depois percebi que havia uma só forma de interpretar os poemas, que já estava construída, aceite por todos, e já estava memorizada.  

Desde logo, disse que uma dia, se fosse professora, aceitaria todas as interpretações desde que bem defendidas e justificadas. A sensibilidade de cada um é diferente, a cultura também, o que torna a compreensão muito pessoal. Mais tarde, senti-me validade ao ler a resposta de um autor, que infelizmente não recordo o nome, em entrevista, como se deveria interpretar o seu trabalho: Eu escrevi, cabe ao leitor interpretar. Portanto, ela cedia ao leitor a liberdade da interpretação.

Estes dias vi um vídeo sobre uma situação caricata que envolvia o autor espanhol Julio Llamazeres, e o seu livro "Luna de lobos"; na escola o seu sobrinho tinha como tarefa analisar o livro, e ao escritor pareceu-lhe divertido que fizesse ele o trabalho, o qual teve negativa! O próprio escritor foi falar com a professora para saber o motivo, que foi: "Ele não compreendeu a obra". 

Imagino a cara da docente quando Julio Llamazares lhe disse que tinha sido ele próprio, o autor, a fazer o trabalho!

Isto não é ensinar, não é ensinar a pensar, a interpretar, a ter pensamento crítico. E por aqui se vê o estado do ensino, foi em Espanha mas em Portugal está igual. 

Vídeo no Instagram