Ao ouvir um comentário de alguém, que qualificou determinada família como unida, porque todos os fins-de-semana almoçam ou jantam juntos, fiquei a pensar no conceito.
Só porque uma família tem esse compromisso de fazer uma refeição semanal em conjunto, em casa de uns ou outros, não significa automaticamente que seja unida.
Uma família unida é aquela que em momentos de crise, de grandes dificuldades, sejam problemas de saúde, de falecimentos, financeiros, de separações e divórcios, e por aí fora, está lá para quem precisa. E a vida põe-nos muitas provas no decurso da mesma, testes em que mostramos a nossa verdadeira cara. Porque em tempos de festa, alegria, de abundância, não falta companhia! É porém, nesses momentos em que precisamos que nos atirem uma boia, para nos mantermos à superfície, não descurando questões menores, como por exemplo, dar assistência às crianças, sobrinhos, netos, primos, num momento em que não têm com quem ficar, vê-se com quem podemos contar. E na família unida podemos contar com quem dela faz parte. As pessoas são honestas sobre aquilo que são, e no que estão dispostas a dar. E não precisam de se encontrar semanalmente ou com dia marcado.
É também por isto que o Natal que se passa com família que não está presente, só porque partilhamos laços de família, me parece uma desonestidade. Cumpre-se a tradição só porque é isso que se espera que se faça. Isto não é, obviamente, uma família unida. Talvez as pessoas se orientem por essas "bandeiras" e nisso encontrem conforto, porém eu prefiro a verdade crua.
Eu, não sou o tipo de pessoa que precisa de estar com a família alargada todas as semanas, tenho outros encontros, outros compromissos, outros passatempos, outros interesses que também me proporcionam satisfação e alegria, e dos quais não quero prescindir. Ainda assim, quando solicitada estou lá para quem quer que precise de mim, porque sou, de facto, uma pessoa de família. Mas não tenho ilusões, nem vejo a realidade sob uma luz dourada.
Agora que muitos substituem o Natal como a Festa da Família, que também o é, contudo não principalmente, celebramos o amor de forma mais intensa, pena é que não se estenda para todos os dias do ano, de forma genuína, de coração.