quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

O Musgo do Presépio

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Apareceu-me uma publicação da GNR, no FB, sobre musgo e dei-me ao trabalho de a ler; em suma: apanhar musgo é proibido! Parece que está em extinção. Também me dei ao trabalho de ler alguns comentários, é sempre bastante revelador ler  uma amostra; a maioria das pessoas desconhecia que era ilegal, e muitos reconheciam que apanhavam musgo para fazer o Presépio, como sempre fizeram. Outros notavam, e muito bem, então porque havia musgo à venda nas Floristas?! E os mais informados, e com sentido crítico, deixavam o alerta - Estão tão preocupados com o musgo mas com as placas solares que vão devastar regiões naturais, com vida selvagem, onde também há musgo, não se preocupam? Não é ilegal?! 

Pensei de imediato no azevinho, há uns anos também era proibido apanhá-lo e vendê-lo, actualmente qualquer pessoa com um bocadinho de terra o tem! Eu tenho uma árvore num jardim pequeníssimo, e vejo-o em todo o lado abundantemente. Com o musgo acontece o mesmo, nas minhas caminhadas vejo imenso musgo, e nesta época reparo também que há zonas onde ele foi arrancado, mas francamente, actualmente há poucas pessoas a fazerem presépio, portanto, o musgo apanhado é em quantidade insignificante. 

Quando eu era criança costumava apanhar musgo; era uma espécie de programa, que coincidia com a montagem do presépio. Reuníamo-nos em grupo, e com uma caixa de cartão íamos pelos montes à procura do musgo mais fofo, mais alto, mais verde, digno do Menino Jesus. A minha mãe montava um presépio que nos encantava dias a fio, onde estavam todos os personagens e mais um! Para além das personagens principais, que estavam abrigadas numa verdadeira cabana de madeira, com teto de palha, feita pelo funcionário mais antigo do meu pai, o saudoso Justino, que era o carpinteiro de todas as nossas maravilhas, como o baloiço.  Tinha casinhas, lago com patos e moinho, diversas profissões, e mais uma série de outras coisas. Não era grande, talvez meio metro do aparador, mas era todo forrado a musgo. E sobre ele, o pinheiro onde estavam penduradas as bolas coloridas de vidro, as estrelas, as fitas coloridas, as luzinhas e os bonecos de chocolate!  

No ano seguinte, voltávamos a fazer o mesmo percurso, e voltávamos e encontrar musgo, de um ano para o outro ele crescia e repunha-se. Isto era sabido e comprovado. Estranho que agora, que quase ninguém o apanha, se encontre em extinção. 

A certa altura, por me achar demasiado crescida para tal actividade comecei a empurrar a tarefa para as minhas irmãs mais novas que continuaram com a tradição. 

Por acaso, eu uso tecido como cenário para o Presépio, porém, gosto de musgo nos vasos, onde vão nascer os narcissos, e através do qual já despontam. Este musgo não morre, transfiro-o para outros vasos, ele continua viçoso, durante as outras estações, até voltar às flores de Inverno. 

A propósito do musgo fiz agora uma viagem nostálgica aos Natais da minha infância, que foram sempre muito felizes. E o musgo também fez parte deles. 

Se quiserem saber mais sobre musgo, está aqui um bom artigo, informativo e que oferece alternativas interessantes: Azeitona Verde