quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Experiência Blind Date para Adolescentes

Vi este vídeo aqui no Instagram e o final é, realmente, chocante. Todos os jovens o deveriam ver, pois ilustra de forma elucidativa como funciona a interação nas redes sociais, como é fácil ao anónimo, por detrás do ecrã, mostrar o que não é, e manipular a mente da jovem pessoa com quem conversa.

( Agora vou dar spoiler para explicar a experiência. Aconselho a ver o vídeo antes de prosseguir esta leitura. )

Numa sala, uma série de adolescentes conversa, à vez, online com um grupo enorme de rapazes vendados, que só se descobrem à medida que vão sendo excluídos por ela, perante frases como: " Não gosto de ciumentos, portanto quem o seja saia". Até ficar apenas um, o selecionado que perante todas as perguntas lhe respondeu do seu agrado. Quando este se desvenda é o choque; é um homem muito mais velho, que poderia ser pai delas. 

Isto prova que os homens mais velhos têm a a capacidade de se adaptar e responder de acordo com aquilo que as adolescentes querem ouvir, não a verdade mas aquilo que lhes agrada. Os homens predadores que deambulam pelas redes sociais conseguem passar por jovens e conquistar a confiança das incautas e ingénuas, que pensam que estão conversando com alguém da sua geração. É, de facto, uma experiencia brutal. 

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Fama a Qualquer Custo

Há poucos dias li que tinha morrido "o rapaz mais bonito do mundo", Bjorn Andresen, que participou no FAMOSO filme de Luchino Visconti - Morte em Veneza, e fui pesquisar um pouco sobre ele. Desde logo a imagem era-me familiar, ao longo do tempo tinha-a visto por aí, o rosto de um rapaz bonito de 15 anos, com um ar infantil e inocente, que já não se vê actualmente, com essa idade. 

Foi o próprio realizador italiano que lhe fabricou o rótulo do "rapaz mais bonito do mundo" , que se consolidou como real ainda antes do filme ser exibido, num genial golpe de marketing.

Nunca vi o filme, porém ao ler sobre ele e Bjorn Andresen constatei que, mais uma vez, entregar um jovem à indústria do cinema é destruí-lo na sua essência. Aliás, o título que indicava a sua morte acrescentava- Que viveu uma vida triste. 

Foi exposto a situações constrangedoras e abusivas, e o que é público será certamente apenas a ponta do iceberg, por estar entregue aos adultos, muitos deles degenerados, que é sabido, pululam o mundo artístico, porque a família acreditava ser a oportunidade da sua vida. E isto tem acontecido com outros famosos que tarde ou cedo se vem a saber quanto sofreram a sofrem, por não conseguirem ultrapassar esses traumas, como Brooke Shields, Britney Spears, Justin Bieber, Demi Lovato, e tantos outros. 

Se a vida se complica para as pessoas que encontram a fama em idade adulta, e muitos deles sucumbem a todas as armadilhas, que dirá jovens e crianças?! 

Porém, o que se vem a descobrir tarde ou cedo é que essas jovens estrelas foram entregues, e praticamente descartadas, por famílias ávidas da receita que os filhos irão gerar. A ambição não é criticável, já o abandono e crença na total benignidade das pessoas que gerem as carreiras destes jovens profissionais parece-me sim criticável, porque não acredito que esses adultos sejam tão ingénuos a esse ponto, simplesmente fecham os olhos. 

Portanto, morreu o rapaz mais bonito do mundo que também foi dos mais tristes e uma coisa está ligada à outra, porque alguém assim o permitiu. 

Acho tudo isto repugnante, e terrivelmente triste para os jovens que têm a sorte de ser talentosos e o azar de lhes calhar famílias deste calibre.

https://www.nit.pt/cultura/cinema/morreu-bjorn-andresen-rapaz-mais-bonito-do-mundo

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

O Estado do Ensino

Das experiencias mais impactantes que tive na Escola, quando comecei a ler Poesia foi ter a minha percepção do que lia invalidada pela parte dos professores. Senti-me incrédula, e não compreendia como a minha interpretação poderia estar incorrecta. Depois percebi que havia uma só forma de interpretar os poemas, que já estava construída, aceite por todos, e já estava memorizada.  

Desde logo, disse que uma dia, se fosse professora, aceitaria todas as interpretações desde que bem defendidas e justificadas. A sensibilidade de cada um é diferente, a cultura também, o que torna a compreensão muito pessoal. Mais tarde, senti-me validade ao ler a resposta de um autor, que infelizmente não recordo o nome, em entrevista, como se deveria interpretar o seu trabalho: Eu escrevi, cabe ao leitor interpretar. Portanto, ela cedia ao leitor a liberdade da interpretação.

Estes dias vi um vídeo sobre uma situação caricata que envolvia o autor espanhol Julio Llamazeres, e o seu livro "Luna de lobos"; na escola o seu sobrinho tinha como tarefa analisar o livro, e ao escritor pareceu-lhe divertido que fizesse ele o trabalho, o qual teve negativa! O próprio escritor foi falar com a professora para saber o motivo, que foi: "Ele não compreendeu a obra". 

Imagino a cara da docente quando Julio Llamazares lhe disse que tinha sido ele próprio, o autor, a fazer o trabalho!

Isto não é ensinar, não é ensinar a pensar, a interpretar, a ter pensamento crítico. E por aqui se vê o estado do ensino, foi em Espanha mas em Portugal está igual. 

Vídeo no Instagram


segunda-feira, 27 de outubro de 2025

As Formatações da Nova Era

Começo a pensar que aquela conversa de não criticar os outros, pois não sabemos todo o seu percurso, experiências marcantes e traumas, a ideologia divulgada pela Nova Era, não passa de formatação mascarada de tolerância, e bondade. Que no fundo, essa condenação da crítica absoluta invocando boas intenções, pretende aniquilar o pensamento crítico. 

Deveria antes ensinar-se a questionar o que é criticável ou não; por exemplo, se uma pessoa segue a moda independentemente do que lhe fica bem, alguém obeso com leggings, é algo que a mim não concerne nem impacta, porém, quando vejo jovens com calções tão curtos que parecem cuecas, já considero ter direito a criticar; francamente, prefiro ser poupada ao espectáculo de ver as nádegas de outrem à minha frente, enquanto subo umas escadas, como já aconteceu. A exposição excessiva do corpo, sobretudo em espaços públicos como a rua, é algo que não considero adequada. Porém, haverá quem defenda o direito de o fazer não importando o impacto para os outros, sob o pretexto - o corpo é meu, tenho o direito de fazer o que entender. Ora, eu penso que também tenho direito de afirmar o que me causa desconforto, de apontar o que não se alinha com uma conduta adequada dentro dos meus valores, e tenho direito a ter esses valores, e zelar por eles. 

Todavia, os defensores de todas as causas, escudando-se na liberdade ilimitada, mas apenas no que concerne aos libertários, pretendem inibir-nos o pensamento e a sua consequente verbalização. Não é evidente que existe aqui um contrassenso? Uma censura apenas para um dos lados? Penso que é bastante óbvio. 

Portanto, começaram por defender a abolição da crítica ao outro, sob a capa das boas intenções- ignoramos a vida do outro- e terminamos proibidos de emitir opiniões sobre tudo na sociedade, se for para discordar, e dentro de uma linha de valores mais conservadores. 

Quando nos impedem de desenvolver o pensamento crítico, reparem, já não o ensinam, estamos na fase seguinte, não o verbalizar, sob pena inclusive de fecho de conta nas redes sociais, e até pena de prisão, como está a acontecer em Inglaterra e Alemanha, ficamos à mercê da narrativa que a hierarquia nos quer impor, sejam governos, políticos, jornalistas, enfim, os chamados decisores. 

Recentemente, em Marseilla o presidente da Câmara proibiu a exibição do filme Sacré Coeur, invocando a laicidade do Estado, e isto gerou uma onda de contestação da parte dos cidadãos franceses, cristãos e até ateus, que está a revogar esta acção de censura. A capacidade crítica dos cidadãos entrou em movimento e reverteu uma decisão hierarquica; esta capacidade dá-nos poder, torna-nos participantes activos da sociedade, e intervenientes no curso da civilização. Não podemos permitir que nos subtraiam esse direito, temos que o reclamar e defender incessantemente. 

Filme Sacré Coeur

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

O Menino e a Alcateia

Animais e crianças, as minhas criaturas favoritas. Li esta história maravilhosa na página David Attenborough fans. Existem outras, de crianças perdidas na selva e adoptadas por animais, e portanto, talvez, a lenda de Mogli seja inspirada numa dessas histórias verdadeiras, em que a realidade ultrapassa a ficção. 

"Durante um passeio em família, um menino de 9 anos com autismo perdeu-se na floresta e desapareceu. As equipas de busca vasculharam a mata durante toda a noite — nada.

Ao nascer do sol, saiu das árvores, enlameado, mas em segurança. Quando a mãe lhe perguntou como tinha encontrado o caminho de regresso, ele respondeu suavemente: "Os lobos guiaram-me".

Ninguém acreditou nele — até que, uma semana depois, a câmara de um caçador revelou a verdade: o rapaz caminhava entre dois lobos, um a liderar, outro a guardar atrás.

Especialistas ficaram surpreendidos. "É empatia", disse um biólogo. "Reconheceram o seu medo e protegeram-no."

A sua mãe não ficou surpreendida. "Ele sempre se sentiu ligado aos animais", disse ela. "Acreditei nele o tempo todo."

Agora, os habitantes locais dizem que, em noites tranquilas, uivos suaves ecoam pelas árvores — uma canção de embalar da natureza que outrora protegia uma criança perdida. " https://www.instagram.com/davidattenborough_fans/

segunda-feira, 13 de outubro de 2025