Recentemente uma amiga francesa disse-me que lhe parecia inacreditável que no séc.XXI ainda existissem mulheres economicamente dependentes dos maridos. Há poucos dias, num comentário uma mãe a tempo inteiro reclamava da falta de compreensão dos outros, pela sua opção. Eu sinto o mesmo e isso tem-me feito reflectir.
Respondi à minha amiga que para mim há dependências piores do que a económica, pois conheço várias mulheres independentes financeiramente e no entanto são terrivelmente dependentes emocionalmente. São mulheres que não ousam dar um passo sem consultar o marido, que perderam a iniciativa, que esperam que o cônjuge decida sempre tudo, relutantes em impor as suas vontades e aceitando passivamente o rumo imposto pelo marido.
Uma mulher que queira começar a trabalhar procura emprego e automaticamente começa a ganhar dinheiro; para uma mulher emocionalmente dependente, essa libertação já não será assim tão fácil.
A dependência económica só pode ser pior se o marido usar esse facto, como um instrumento para subjugar; nesse caso, acho que ele será um imbecil que nem se apercebe do privilégio que tem por ter uma companheira disposta a permanecer no lar, providenciando uma vida de qualidade à família. No mínimo será um ignorante, que nem contabilidade sabe fazer. Vejamos o meu exemplo: se eu saísse para trabalhar as crianças precisariam de ficar no colégio o dia todo, logo propinas para 2 crianças, transporte para mim, almoços para toda a família, a empregada teria que vir 4 vezes na semana ao invés de 2 e no final do ano fiscal ao invés de recebermos alguma parte dos impostos, subiríamos automaticamente de escalão e teríamos que pagar! Portanto, eu pagaria para trabalhar. E entretanto, as crianças estariam a ser educadas por estranhos, eu andaria stressada a correr de um lado para o outro e a família não compartilharia tantos e tão bons momentos.
Concluindo, toda a gente é dependente de algo e eu acho que sou dependente sim, da minha família, do amor e do tempo que passamos juntos! E você é dependente do quê?