sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Dar a consoada


- Alguém sabe o que significa?
Pois eu, ainda sou do tempo em que se dava a consoada, no Natal; quer dizer, quando era criança, lembro-me de darem a consoada aos meus pais. Na mercearia onde fazíamos compras, o senhor oferecia uma garrafa de vinho do Porto.
A padeira ( sim, tínhamos uma senhora que entregava o pão em casa, todos os dias do ano, muito cedo, ainda de noite!), dava um cacete para as Rabanadas, ou a broa de pão para os Mexidos.
A leiteira ( sim, também tínhamos quem viesse todas as manhãs bem cedo, com o leite acabado de mugir, ainda morno), essa, ofertava um litro de leite, muito necessário, para os doces natalícios.
Os clientes do meu pai enviavam-lhe cabazes, com vinhos e frutos secos. Por vezes frutas tropicais da Madeira.

Foi mais um costume que acabou, juntamente com essas profissões...e esse tempo traz-me memórias que me provocam saudades. Dos costumes que se foram, e sobretudo das pessoas. Porém, não é sobre isso que quero escrever. Quero escrever sobre as consoadas.

Embora os presentes, para os adultos, tenham sido abolidos na família, gosto de presentear ou - dar a consoada- a algumas pessoas. Àquelas que nos prestam serviços durante o ano; como por exemplo aos funcionários da escola dos pequenos, ao funcionário que vem cá a casa fazer entregas dos CTT regularmente, àqueles que vêm fazer a contagem dos consumos da electricidade, e água, aos lixeiros.

Nenhum deles está à espera,  porque simplesmente já ninguém dá a consoada, ou muito pouca gente ainda o faz. E sinto que todos experimentam uma alegria genuína, causada talvez pela surpresa, ou pelo prazer de verem os seus trabalhos reconhecidos.

Sinto-me grata pelo trabalho destas pessoas e quero expressar a minha gratidão deste modo, dando a consoada.
E você? Também dá a consoada a alguém?

Tenham um óptimo fim de semana!