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Sei bem que é nossa tendência, enquanto pais, criar e
educar os filhos à nossa semelhança. No entanto, se nalguns aspectos
isso é positivo, como por exemplo, na transmissão de valores, noutros é
um verdadeiro abuso de poder. A fronteira entre um e outro é tão ténue,
que frequentemente a ultrapassamos, mesmo sem intenção. Casos há, em que os pais se impõem de tal forma na vida dos filhos, que as crianças mais parecem estar a viver a vida dos progenitores. Há situações tão óbvias que até ofuscam pela clareza; quer dizer, a menina quase obesa que pratica ballet ?! E aquela menina que reclama aos pais, sem sucesso, que entre escola, Música, Natação, Inglês e Catequese, não tem tempo para brincar?! Tudo devido à pesada agenda profissional, dos pais. E tantos outros exemplos.
Foi meu objectivo desde sempre, respeitar a individualidade de cada um dos meus filhos, permitindo-lhes escolhas sempre que possível, e aqui entramos no domínio do sensato; caso contrário, colocamo-nos na situação ridícula dos pais HolCru*, com uma menina de 4 anos a calçar saltos, e a vestir manga curta em pleno Inverno.
Não, refiro-me a um compromisso entre o possível e o aceitável. E isso é algo que é constantemente negociado, não sendo por isso que a decisão dos pais tem de ser perene. As circunstâncias mudam e com elas, as opiniões.
Na altura em que era suposto inscrevermos os nossos filhos na catequese, não o fizemos. Por uma questão de coerência com os nossos valores e consciência; a formação moral, ética e até religiosa deve ser dada pelos pais, achamos nós. Parece-nos um contra-senso enviar os nossos filhos para uma escola onde ainda ensinam a teoria criacionista, com Adão e Eva, quando de seguida vão aprender na escola a teoria evolucionista. Isto entre outras coisas.
Contudo, os nossos filhos tiveram, e têm formação religiosa.
Eis que subitamente a Letícia recebe o convite de uma catequista, para assistir a uma aula; após uma semana de reflexão, disse que queria ir, e foi. E no final, decidiu que queria continuar, e continuou, com a nossa anuência.
Certamente, há pessoas que se indagam, que tipo de pais somos nós; permitindo que os nossos filhos decidam se querem ir à Catequese ou não. Tendo uma que vai, e outro não!
Nós somos do tipo de pais que respeita a individualidade dos filhos; orientamos e ensinamos, sem impor actividades só porque nos dá jeito, ou esperam isso de nós. Acreditamos que eles encontrarão o caminho deles.
Não estou a dizer que sou a melhor das mães, muito menos uma mãe perfeita; apenas vejo claramente que vivemos num sociedade que não dá prioridade às crianças. Ou porque é que acham vocês que a ex-ministra da educação, Maria de Lurdes Rodrigues, "inventou" as A.E.C's**? Para resolver um problema aos pais, enquanto os interesses das crianças nem são tidos em conta.
Só estou a dizer que devíamos ouvir, realmente, as crianças.
Tenha uma óptima semana!
* Tom Cruise e Katie Holmes
** Actividades de Enriquecimento curricular ( Inglês, Ciência, Desporto, Expressão Dramática...que retêm as crianças na escola das 9:00 às 17:30)