Das minhas lembranças de férias de verão, quando era criança, destacam-se os banhos no Rio, os dias na praia, e as leituras.
Tenho a sensação que os dias passavam lentamente, e aqueles três meses de férias - as chamadas férias grandes- duravam uma eternidade. E perto do fim já tinha saudades da escola, dos amigos, e até mesmo da rotina que implicava acordar cedo, fazer "deveres", etc. Porém, esta saudade não era causada pelo tédio das férias, era porque simplesmente as férias se tornavam longas.
Passar uma tarde inteira deitada no chão, em busca da frescura, a ler livros atrás de livros, é uma das memórias mais felizes que tenho. Espantado, e desconfio, um pouco irritado com a minha capacidade de leitura, o meu pai costumava dizer:
- Tu não lês; devoras livros!
Sim, são memórias felizes. Talvez por isso me cause tanta pena que os meus filhos não me imitem nesse quesito; efetivamente eles têm o hábito da leitura, porém as alternativas são tantas e de maior satisfação imediata, que a leitura acaba frequentemente por ser relegada para a última das opções. No entanto, como as crianças não têm ainda a última palavra, foi instituída a meia hora de leitura diária obrigatória.
Para começar, as inesquecíveis histórias da igualmente inesquecível poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen - neste momento: "a menina do mar".
Quem se lembra da Menina do Mar, do tamanho de um palmo? Eu já mal me recordava da menina de olhos roxos e cabelos verdes, e adorei reler, e construir esta memória com os meus filhos.
Tenha um ótimo fim-de-semana!
" a menina do mar"
de Sophia de Mello Breyner Andresen
Livraria Figueirinhas, 45 páginas