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Acho que isto diz muito sobre a auto-estima, não é? Não tem nada a ver com a imagem que os outros têm de nós, mas sim a imagem que nós temos de nós mesmos.
Tenho para mim que alguns de nós nascem já com uma auto-estima elevada, enquanto outros nascem com uma baixa auto-estima; claro que aquele que nasce com a auto-estima elevada, sendo constantemente depreciado e rebaixado, vai acabar por perde-la. Felizmente, o contrário também acontece, e é isso que me interessa.
A pratica da maternidade tem-me ajudado a descobrir como aumentar a auto-estima das crianças ( porque tenho dois filhos nas antípodas!), e é isso que me proponho a partilhar, em apenas cinco dicas, porque gosto de manter o tema conciso.
1. Elogiar
Li recentemente que um estudo feito na Universidade de Leiden, na Holanda, concluía que as crianças na faixa etária de 8-9 anos não reagem à crítica.
Noutra altura li que a educação devia ser feita de 99% de elogios. Claro que há comportamentos e acções que as crianças têm que estão erradas, eles estão a aprender, e nós temos que lhes chamar à atenção; porém, deve-se somente criticar a acção, não a criança. Eu costumo dizer aos meus filhos: eu gosto muito de ti, mas não gostei do que fizeste!
O elogio deve ser adequado, sincero e comedido, sem exageros, pois deve ser credível. Há dias, a minha filha revia os primeiros desenhos que fez e perguntou-me porque é que eu os achava bonitos; obviamente eram gatafunhos e nada dali replicava algo que eu identificasse, portanto eu respondi que eram as cores. A conjugação de cores que ela escolhera era bonita e equilibrada. Ela sorriu agradecida, porque sentiu sinceridade.
2. Abraçar
Li algures sobre uma experiência feito com símios, que foram privados do contacto físico, e acabaram por morrer.
O contacto físico é muito importante para o ser humano, saímos de dentro de um corpo, e em muitas culturas as crianças andam coladas ao corpo da mãe durante meses e mesmo anos, estando provado que os benefícios são imensos. Portanto, dar a mão, beijar, abraçar, dar colo devem ser habituais no trato com os nossos filhos.
Sinto-me bem ao relembrar que dei aos meus filhos todo o colo que pediram; inclusivamente grávida de 9 meses nunca neguei colo ao Duarte, que tinha apenas ano e meio. Com as crianças já mais crescidas, se me pediam colo, por estarem cansadas, também dava. Ainda que me cansasse a mim. Esse tempo já passou e fico muito contente por feito feito a vontade dos meus filhos, sempre.
3. Estabelecer objectivos
Há coisas em que as crianças não são naturalmente boas, desportos, jogos, desenho, etc, e o sucesso dos outros e insucesso delas pode desmotivá-las, deixando de querer tentar. Então a estratégia é estabelecer objectivos, fazendo por partes. Praticando e melhorando a cada etapa, mostrando à criança a sua evolução. - Ainda há dois dias andavas com rodinhas na bicicleta, já viste?!
Não esquecer que há gostos pessoais, e que por vezes temos que ajudar os nossos filhos a descobri-los; não é bom em futebol? Talvez seja em natação. Ou em basquetebol. Não é bom no Desporto? Pouco interessa, o que importa é a perseverança e empenho; além disso, é barra no Xadrez, ora!
4. Interpretar a criança
Há situações que magoam os nossos filhos, e eles contam-nos essas situações, mas não chegam expressar o que sentem, apenas transmitem " a notícia"; cabe-nos a nós interpretar o sentimento que essa situação lhes causou. Se houve um colega que o ofendeu, se não foi convidado para uma festa de aniversário, devemos falar sem rodeios - Isso magoou-te, não foi? Essa abertura, para a dimensão do sentimento, vai dar-lhe o pretexto para expressar o que sente, e nós poderemos ajudar, a compreender e assimilar a situação. - Não é que ela já não goste de ti, não te convidou para a festa porque com certeza tinha número limitado de convites, assim como acontece contigo.
Até à data tenho a felicidade de conseguir "ler" os meus filhos apenas pela expressão facial. Vejo quando há alguma coisa que os incomoda, ou entristece. Ajudá-los a resolver as situações na cabeça e coração é educa-los para aceitar com compreensão as adversidades. É ensiná-los a gerir as emoções de forma a tranquilizá-los.
5. Declarar o amor
O sentimento de amor não é um dado adquirido para as crianças. Temos que o demonstrar e dizer.
Todos os dias digo aos meus filhos que os amo. Se não for durante o dia, é à noite, antes de adormecerem. Por vezes, quando ralho com eles por algum motivo, eles perguntam-me directamente - Ainda gostas de mim, mãe?! Isto é um pedido de confirmação de amor. Eu respondo sempre que sim, eternamente, independentemente do que quer que seja.
Nunca, mas nunca, retorquir a um filho "também não gosto de ti!", quando ele nos brinda com esta frase; pelo contrário: - Pois eu gosto muito de ti, à mesma!
Não será com certeza uma lista completa, mas como disse antes, agrada-me uma lista pequena, acho-a mais eficiente. Além disso, a tónica da minha lista, não sei se notaram, é o "amor". Se nos regermos por ele, dificilmente erramos.
Porque, no fim de contas, só o amor nos salva!
No entanto, estou receptiva se alguém quiser acrescentar alguma coisa.
Até breve!