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No entanto, numa determinada ocasião, a Letícia teve uma festa de aniversário, e como o Duarte ficou um pouco triste, eu decidi sair com ele, para darmos um passeio e comer um gelado. Nesse par de horas que estivemos sozinhos, a passear e conversar, eu senti que aquele tempo apenas entre nós os dois foi diferente; mais directo, mais cúmplice, mais sincero. E a validação desse sentimento chegou com uma frase inesperada do Duarte, ao dizer-me com todas as letras: - Mãe, gosto tanto do tempo que passamos só nós dois!
Foi um momento de revelação. Em que constatei que o tempo para os filhos não tem necessariamente que ser partilhado, nem medido, nem dividido em partes exactamente iguais.
Curiosamente, mais tarde, aconteceu o mesmo com a Letìcia, e ela repetiu-me as mesmas palavras. Era então oficial: - o tempo passado a dois era diferente, apreciado e necessário.
Cada criança tem os seus gostos, preferências, vontades, e diariamente têm que gerir tudo isso, para conciliar a vida em família, harmonizar a rotina com os irmãos. Portanto, se houver oportunidade de dedicar um tempo para cada criança, para que ela possa exprimir-se individualmente, seja de que forma for, é realmente justo.
É o reconhecimento da criança como indivíduo. É a demonstração de respeito e aceitação por aquilo que ela é. E não menos importante, é um tempo partilhado a dois que contribui para uma relação de intimidade, e momentos inesquecíveis.
Por diversas vezes o Duarte me repetiu: - Mãe, gostei tanto daquela tarde que passamos só nós os dois!
Os programas a dois são especiais, e com toda a certeza ficarão na nossa memória.