segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Tempestade de Verão

 


Primeiro, o céu ficou escuro no horizonte

depois, um ribombar distante ouviu-se.

As abelhas já tinham desaparecido das flores

e as aves voavam em direcções diferentes.

Tudo se compunha 

como numa peça de teatro em que cada um se põe em seu lugar.

Avancei para sentir o vento

que dobrava já as copas das árvores

sem resistência, antes com natural deleite.

A trovoada aproximava-se mais forte, 

e clarões iluminavam o céu pontualmente.

Levantei os braços como se abarcasse tudo o que viria,

Soltei o cabelo, descalcei-me para sentir a terra. 

Pareceu-me natural entregar-me sem reservas nem entraves.

E a cada trovão eu sorria, dizendo:

Vá, acorda-me desta hipnose profunda.

Desperta o meu divino ser! 

A chuva caiu grossa,

o cheiro da terra levantou-se no ar, como inebriante perfume ancestral. 

Tudo se conjugava para me libertar memórias. 


( A chuva está prevista, oxalá ocorra. Novamente. )