quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Sem medo de viver

 Acho que nunca escrevi aqui sobre reencarnação, e porém é um tema importante, para mim, diria até basilar das minhas crenças. Por volta dos meus vinte anos entrei em contacto com este conceito, que de imediato me foi familiar, não senti que fosse nada novo, apenas relembrava, tudo fazia sentido. Ninguém na família comungava destas crenças, não foi portanto influencia alheia, era algo meu. Comecei a ler sobre o assunto, e tudo encaixava. 

Vivi experiências que não vale a pena serem partilhadas porque são minhas, e sei que há pessoas que poderiam ficar tocadas por elas, mas também há aquelas que mesmo perante esses relatos permanecem impávidas, pelo que no geral não as partilho. Sei que é o caminho e tempo de cada um, e está tudo bem. 

Nunca fiz uma regressão que é algo comum de se fazer, entre aqueles que acreditam na reencarnação, pela simples razão de acreditar que não se deve fazer apenas por curiosidade, mas sim para resolver problemas; por exemplo, há pessoas que têm traumas e fobias que não conseguem explicar com esta experiência terrestre, e que numa regressão podem ser compreendidas e desbloqueadas. E por outro lado, também nunca me deparei com um terapeuta habilitado em quem confiasse totalmente; costuma dizer-se" Quando o discípulo está pronto o mestre aparece", nunca foi o caso para mim. E tudo bem. 

Para quem quiser aprofundar-se neste tema recomendo os livros do Dr. Bryan Weiss, psiquiatra americano, que num tratamento de hipnose comum entrou num tempo que o desconcertou, a paciente recuou vidas e séculos; perante o inusitado, e sendo um médico convencional, custou-lhe aceitar que havia mais para além desta vida, mas enquanto homem da ciência, não fechou essa porta, antes se adentrou num mundo desconhecido, marginal até entre os seus pares mas que se revelou profícuo e fascinante. 

Agora, acreditar ou não na reencarnação pode ter impacto na nossa vida? Evidentemente que tem, por isso a Igreja optou por suprimir estes ensinamentos no Concílio de Niceia, em 325. Crer que vivemos apenas uma vez coloca-nos numa posição dramática, temos que fazer tudo bem à primeira! Se não fizermos somos castigados. É um nível de controlo da humanidade.

Acreditar que vivemos muitas vidas liberta-nos de certa forma, desdramatiza o conceito de morte, dá-nos tranquilidade para o tempo de aprendizagem terreno. Fará sentido que o ser humano venha à terra e em 70, 80 anos ( e nem para todos) aprenda, e evolua o suficiente? Esse tempo é menos do que uma areia na praia, a nível cósmico. O corpo físico tem data de expiração, mas a alma é eterna, e isso todas as religiões o dizem. 

Portanto, a experiência da vida faz-se através dos corpos físicos, habitáculo da alma eterna, que aprende e evolui, enquanto os corpos fenecem. Tal como um condutor conduz um carro, e o descarta quando está muito usado, a dar problemas. 

Há cerca de 2 anos, por indicação de uma amiga, comecei a ouvir uns Podcasts sobre "NDE - near death experiences", são pessoas que estiveram mortas por segundos ou minutos, e que regressando à vida relatam o que vivenciaram. Em primeiro lugar, aquilo é tão bom, que nenhum quer regressar; voltam zangados, revoltados, alguns até ficam deprimidos por terem de estar aqui. Em segundo, a conclusão a que chegam é que isto aqui é uma réplica pálida, desvanecida da verdadeira vida, que é lá, do outro lado, onde existe o amor absoluto. 

São relatos espantosos, que modificam totalmente a visão do mundo, da vida, para essas pessoas. E para quem os ouve também, dado que são tantas pessoas a viverem e partilharem, basicamente o mesmo. Estas partilhas ajudam imenso a desconstruir uma série de ideias limitantes sobre a vida, e sobretudo a reduzir e até a suprimir o medo da morte.

Haverá pessoas para quem estas experiências são balelas, devaneios, falsidades, e eu também não acredito em tudo o que ouço, há relatos que me fazem sentido, outros que me causam muitas dúvidas, porém, no geral, as partilhas são muito credíveis. 

No início do Verão entrei numa capela da Sé e vi que todos os crentes (idosos) usavam máscara, durante a missa; e pensei, se estas pessoas acreditam em Deus e no céu, porque têm tanto medo de morrer?! Está certo que queiramos prolongar a nossa vida o mais possível, mas isto é um sinal do medo, do pânico da morte, e viver com este estado de espírito é terrível. Se lhes dizem que o céu é o paraíso, que a vida terrena é um vale de lágrimas, não faz sequer sentido esse terror da morte. Ou então, apesar de cristãos, as pessoas não se andam a portar assim muito bem, não é? Seja como for, a ideia de morrer amedronta muito a população no geral. Conhecer outras filosofias, ideias, e sobretudo experiências é fundamental no processo construtivo de um novo paradigma. 

Animo-vos muito a espreitarem alguns desses canais no YT.

JeffMara Podcasts 

NDE Video

Dorothy Shelton

I died: women share their near death experience