segunda-feira, 3 de junho de 2024

Junho

Ao som da Música...

Ao som de uma música adormecida e suave

Como os gorgolejos dos pântanos da lua,

Criança com sangue de verão, boca de ameixa 

Madura

Aos sons melosos das tuas palavras trémulas

Aqui na sombra quente e húmida da velha parede

Deixem a fera preguiçosa Infeliz adormecer.


Aos sons do teu canto de harpa enferrujada

Menina tépida que brilha como uma maçã molhada,

- ( A minha cabeça está tão pesada de eternidade vazia,

Moscas douradas fazem um barulho suave e estúpido

Que toma os teus olhos de vaca enorme como janelas),

Ao som da tua voz de Verão adormecida e ruiva

Faz-me sonhar  do que poderia ter sido

E não foi...


Que belos olhos de animal tu tens,

Menina branca de junho, grande dorminhoca!

Minha alma, minha alma está chuvosa,

De ser e não ser, estou bastante cansado.


Enquanto a tua voz de água flui como areia

Que adormeço longe de tudo e longe de mim

Entre as três garrafas vazias debaixo da mesa.


— Afogado voluptuoso pelo rio da tua voz...


Oscar Vladislas de Lubicz Milosz

( Minha tradução)


 AUX SONS DE LA MUSIQUE…

Aux sons d'une musique endormie et douce

Comme le gargouillis des marais de la lune,

Enfant avec du sang d'été, bouche de prune

Mûre;

Aux sons mielleux de tes mots chevrotants

Ici, dans l'ombre chaude et humide du vieux mur

Laissez la bête paresseuse Malheur s'endormir.


Aux sons de ton chant de harpe rouillée,

Fille tiède qui brille comme une pomme mouillée,

— (Ma tête est si lourde d'éternité vide,

Les mouches dorées font un bruit doux et stupide

Qui prends tes yeux de grosse vache pour fenêtres),

Aux sons de ta voix d'été endormie et rousse

Fais-moi rêver de ce qui aurait pu être

Et ce n’était pas…


Quels beaux yeux d'animal tu as,

Fille blanche de juin, grande dormeuse !

Mon âme, mon âme est pluvieuse,

D'être et de ne pas être, je suis assez fatigué.


Pendant que ta voix d'eau coule comme du sable

Que je m'endors loin de tout et loin de moi

Entre les trois bouteilles vides sous la table.


— Noyé voluptueux par le fleuve de ta voix...